Sem Título 8

Danças.
E as palavras do corpo
movimentam-se
na extensão doutro corpo
suspenso pela música
junto aos corações a crescerem-se
indefinidos e lentos.
A luz a retocar
a força por fora
dos olhos cúmplices.
Os corpos
a estremecerem-se
um no outro adentro
porque têm muito
que falar subtilmente
entre apaixonado toque
e tremores puro
dos dedos sem ver

Ai Flores De Jasmim, Se Bem Lembro Vosso Nome

Ai flores de jasmim, se bem lembro vosso nome

Ora digam, pois me digam quanto tempo é passado

Se me cura a ferida desse meu nobre coração

 

Ai flores de jasmim, se bem lembro vossa graça

Ora digam, pois me digam quanto tempo é partido

Se me cura a ferida desse meu nobre coração

 

Ora digam, pois me digam quanto tempo é passado

Sem ter eu em minhas mãos o que tão mais me é amado

Se me cura a ferida desse meu nobre coração

 

Ora digam, pois me digam quanto tempo é partido

Refúgio de mim

Oh! Refugio de alma minha
Porque deixas-te o Sol partir
Não sabes que sou a Rainha
E tu o cavalo de pau pra me divertir!?

Oh! Janela de meu rosto
Porque deixas-te de sorrir?
Não vês que ainda não é Agosto
E as rosas deixaram de florir?

Oh! Chave de meu coração
Porque abriste a porta da saudade
Não sentes medo da reação
Das sombras da realidade?

Sem Título 7

Devorei pulsos em chamas.
Amplamente o rosto envolto por coágulos de sangue luzidio
a trespassarem as veias estanques como a enrolar
as cores existentes
por dentro.
Certo é percorrerem
todo esse ar
que engole o corpo celeste mergulhado
na textura do nosso corpo temporal.
Fico com as mãos
cheias de ossos trancados.
Levanto
a cauda de um espelho
e alongo as vísceras astronómicas,

Sem Título 6

Cantam as túlipas.
E busco um cristalino mar
dum azul intensamente sensível.
 
Agora há-de sobressaltar-se gemendo
na sua farpada dobra
que me torce as unhas até esmagar
a água em volta do corpo,
por fora e dentro arbitrário,
ao entrar e sair salva,
como a luz florescente
duma janela longínqua debaixo
deste lento mar penetrante.
E faz idênticas espumas polirem meu suspiro

Sem Título 4

desviassem filamentos de pedras pomes ao lume
que mergulha o meu corpo violino
na devassidão das noites picantes conseguiria modelá-la
e antes disto ouvi-la transpirar estanque potência
 
entretanto faço parar o giro desse sol
em espiral indolente
para encher o tempo com sabor corajoso
 
solto-me do soluço maníaco
de um mar afrodisíaco dedal
tanto se mente a si mesmo como devora
o chilrear do aroma azul-celeste divertido

Sem Título 3

fecho os olhos
abro-me nos teus como uma balada impune no seu sangue
oscilante
 
entretido percorro-te, estremeço-me nas veias singulares
depois com a ponta da língua
afável caligrafia reponho as cordas giratórias
 
e andas no meu imenso chão
um chão embalado p'los nossos sorrisos de cetim
só teu, só meu a transformar-se
 
porém nunca a concluir ou terminar salvo esse romance

Sem Título 2

Na palma de minha mão
cabem os esguichos daquele emaranhado mar
ofegante
 
esfiam-se cachos de búzios nas bordas
tacteando uma pandemia de linhos a puxarem-se
temperamentalmente
do bico pontiagudo das aves a moer
o céu pálido da boca
amedrontava num arrepio arenoso
 
embora fosse embarcar nas ocas águas
sem os antepassados existirem
decidi riscar
o fundo que não estava destinado

Sem Título 1

Livram-se de súbito
árvores dormidas
no barlavento
de mágoas íngremes
frente aos cotovelos
que te desprendem
ao sorriso
desses rios passageiros.
 
Mais à noitinha
a sua curva de ervas doiradas
desvairam-se longamente
cheias de cheiros graves e furtivos.
 
Ganham voo esquecido
mesmo que emparelhados
atrás do cesto de frutas a escorregar

Além, Muito Além das Areias Desse Mar

Oi! Num peixe de asas eu quero então voar
Navegar no céu azul até onde você for
Abandonar as estrelinhas e viver no teu amor
Além, muito além das areias desse mar

Oi! Nas lágrimas do mundo é que eu quero navegar
E beijar de uma flor todo o carinho que tiver
Na doçura de sua pele ou no perfume de mulher
Além, muito além das areias desse mar

Pages