Sem Título 10.1

Ouve-te para desdizeres da tua irremediável
grandeza dessa forma deves acordar os amarelos
lobos já há muito enterrados. Circunda com muito
cuidado as grutas de água em que tuas mãos serão
desinfectadas. Põe as correntes marítimas na tua
caveira e atenta-te pois o desespero vai-te pôr
garras quando o perverso verso do sol se pôr.

PENSAMENTO

PENSAMENTO! PÁSSARO LIVRE!

LIGEIRO E LEVE!

SEMPRE VOANDO, COMO O VENTO,

SEMPRE CONSTANTE EM SEU VOAR.

 

FUGAZ, SUBTIL...

É A SEMENTE DE SOFRIMENTO,

DE SONHOS OCOS, INACESSÍVEIS...

DE FANTASIAS E NOSTALGIAS!

 

NASCE MIUDINHO, BEM PEQUENINO !

MAS VAI CRESCENDO, SOLTO SEM FREIOS,

SUBLIME FORÇA DE DEVANEIOS.

 

OH PENSAMENTO ! MEU COMPANHEIRO.

SEMPRE DESPERTO! 

SURGES DO NADA E NUM INSTANTE ,

PÕES-ME A CISMAR !

 

ENTÃO NÃO VÊS ?

Sem Título 8

Danças.
E as palavras do corpo
movimentam-se
na extensão doutro corpo
suspenso pela música
junto aos corações a crescerem-se
indefinidos e lentos.
A luz a retocar
a força por fora
dos olhos cúmplices.
Os corpos
a estremecerem-se
um no outro adentro
porque têm muito
que falar subtilmente
entre apaixonado toque
e tremores puro
dos dedos sem ver

Ai Flores De Jasmim, Se Bem Lembro Vosso Nome

Ai flores de jasmim, se bem lembro vosso nome

Ora digam, pois me digam quanto tempo é passado

Se me cura a ferida desse meu nobre coração

 

Ai flores de jasmim, se bem lembro vossa graça

Ora digam, pois me digam quanto tempo é partido

Se me cura a ferida desse meu nobre coração

 

Ora digam, pois me digam quanto tempo é passado

Sem ter eu em minhas mãos o que tão mais me é amado

Se me cura a ferida desse meu nobre coração

 

Ora digam, pois me digam quanto tempo é partido

Refúgio de mim

Oh! Refugio de alma minha
Porque deixas-te o Sol partir
Não sabes que sou a Rainha
E tu o cavalo de pau pra me divertir!?

Oh! Janela de meu rosto
Porque deixas-te de sorrir?
Não vês que ainda não é Agosto
E as rosas deixaram de florir?

Oh! Chave de meu coração
Porque abriste a porta da saudade
Não sentes medo da reação
Das sombras da realidade?

Sem Título 7

Devorei pulsos em chamas.
Amplamente o rosto envolto por coágulos de sangue luzidio
a trespassarem as veias estanques como a enrolar
as cores existentes
por dentro.
Certo é percorrerem
todo esse ar
que engole o corpo celeste mergulhado
na textura do nosso corpo temporal.
Fico com as mãos
cheias de ossos trancados.
Levanto
a cauda de um espelho
e alongo as vísceras astronómicas,

Sem Título 6

Cantam as túlipas.
E busco um cristalino mar
dum azul intensamente sensível.
 
Agora há-de sobressaltar-se gemendo
na sua farpada dobra
que me torce as unhas até esmagar
a água em volta do corpo,
por fora e dentro arbitrário,
ao entrar e sair salva,
como a luz florescente
duma janela longínqua debaixo
deste lento mar penetrante.
E faz idênticas espumas polirem meu suspiro

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