Amores Perfeitos...

Amores Perfeitos...

Sarámos num mundo tão despido,
onde em tempos demos mãos comprometidas,
construímos o nosso túmulo às escondidas,
em festim de metáforas sem sentido.

Das sombras ecoavam palavras perdidas,
eufemismos de enfermo, não de amigo,
há espinhos onde outrora foi postigo,
e há cadáveres, chagas... despedidas.

Nesse mundo há alicerces de vime,
presos por uma corda sublime
feita dos teus cabelos e jeitos!

À VOLTA DA FOGUEIRA

Os pés molhados pedem lume forte.
Na fogueira nostálgica, memórias
Despertam para a vida, com vitórias,
Com derrotas e sempre alguma sorte.

Quando inverna e aperta o vento norte,
A chuva e o frio, abrem as oratórias...
À volta do "borralho", ouvem-se histórias
Que a palavra é feliz como consorte.

O lume é tantas vezes ternurento...
Dócil como mulher apaixonada,
Que não deixa que o seu fogo arrefeça.

À fogueira ninguém solta um lamento,
Mesmo quando vem “velha” desvairada
Pousando docemente na cabeça.

SHABA

SHABA

Recordo, quando te encontrei, abandonado, sujo, doente
Perdido no gesto de ser amado, mas de quem quer amar
Teus olhos eram uma súplica num pedido permanente
Quer ser teu amigo, leva-me contigo, não me deixes ficar.

Não sei se foi magia, se pura empatia ou a beleza do teu olhar
Chamei-te e tu cão inteligente, vieste num gesto de medo e desejo
Humilde, de cauda baixa, num movimento confuso de rastejar
Deixaste-me afagar a cabeça, devolvendo-me a carícia de um beijo.

Minha Profissão

MINHA PROFISSÃO

Eu sou um pedreiro
Casas vivo a construir,
Ganho tão pouco
Não posso me divertir.

Quando chego em casa
Meus filhos me abraçam,
Felizes por minha chegada,
Compro coisas, pra alegrar minha amada.

Neste país,
É difícil ser feliz
Tenho que trabalhar
Numa profissão que não quis.
CCS

ADEUS AO MUNDO

Mundo sombrio e breve de dores infindas,
Onde cantar não posso os meus vindoiros planos,
Deixa-me ser poeta em teus escuros vales...
Ter no peito a luz que se oculta dos humanos!

Farto sei que estou de buscar a mesma nota,
Falta-me nos lábios a tua melodia,
Que fôlego me dê nesta procura intensa
De algum portento achar nos escombros do dia.

O sol é um soberano que escravos nos torna,
Pérfido, de forma sanhuda vocifera!
Já a lua é uma mãe que sopra-nos o descanso,
Trazendo no olhar o afago da primavera.

David

David

Meu menino... – Tu estás a crescer... Ontem mesmo eras apenas meu bebê, hoje no entanto vives puerilmente seus dias, ainda és bem jovem eu bem sei, mas...

Estás a crescer...

Perco-me enleado ao ver-te brincar... Sorrir sem parar, achando graça de minhas infantis troças...

Meu amor...

Meu sobrinho querido, mui mais que querido, fazes parte de minha vida... És um pedaço grão de mim mesmo...

Dedico-te tão módico escrito, para que saibas que esse teu tio, te ama, e sempre estarás ao teu lado...

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