ALUCINAÇÃO

ALUCINAÇÃO

Estou só, inconsolável, neste desejo ardente de devoção
Fechado, silenciado num tempo que passa sem ter hora
Numa transe de conflito, entre a verdade e a alucinação
Sinto no peito o ardor que ateia um fogo que me devora.

Lentamente vai ardendo, num desejo louco de me consumir
Minhas mãos são chaga viva que se esforçam por se mover
Afugentando esta alucinação, onde o presente não consegue fugir
De um passado enlouquecido, que a memória teima em trazer.

AGUARELA DA ALMA

AGUARELA DA ALMA

Nesse quadro em que o verde da tinta tem menos cor
E o tempo se entrelaça no misticismo do anoitecer
Colocaste um rio de águas proféticas onde se afoga a dor
E as mágoas se espraiam nas cores rugosas do envelhecer.

Nesse quadro em que as margens do rio estão cobertas por açucenas
E o sol do entardecer vai morrendo em clarões de aurora
Colocastes auréolas e asas prematuras nos meus poemas
De tinta húmida e incolor colhida na face de alguém que chora.

Estação da Luz e do Crack

Logo, os malditos da noite
avançarão as suas misérias
por sujas avenidas viciadas.
 
A massa disforme,
oculta em sujos cobertores
carrega seus andrajos e horrores
por entre estrelas envergonhadas
pelas tantas luzes desperdiçadas.
 
Então se sabe
que a promessa da vida
nem sempre é cumprida.
 

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