CÁ & ACOLÁ

CÁ & ACOLÁ

 

 

by   Fernando Antõnio Fonseca

 

 

o longe é de perto

o perto

do olhar incisivo

que o perscruta

indagando dele

seu afã e suspiro

 

como uma verdade

desperta, sabe

que seu além

é a proximidade

das horas

e de suas demoras

 

amparando-se nelas

para seu fôlego pousar

como à distância

sabida

faz-se o perto de longe

percebido...

 

 

 

 

 

 

 

 

O Senhor do Tempo

O senhor do tempo que passou,

Ficou preso num banco de jardim,

Já tem o corpo em forma de assento

Porque se sentou à espera do fim.

 

Fita os ponteiros no relógio a cada segundo,

Que ficam presos a cada olhar,

-Será que o tempo parou de vez!

-Deixou de passar!

Caiu mais uma lua e com ela veio a noite,

Chamou-o para dormir, é hora de sonhar

Com momentos onde o cenário não é importante!

 

As expressões definham e vão caindo

Dando lugar aos espinhos que teimam ficar.

Êxtase intangível

- para a Carla
 
Flutuando pela desordem dos silêncios esquecidos aviva-se
O pavio da escuridão e de um lamento fetichista…tão intimista
Rabisca-se com precisão aquela luminescência carente e estilística
 
Num êxtase quase intangível o tempo enlaça-se à solidão masoquista

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