O Senhor do Tempo

O senhor do tempo que passou,

Ficou preso num banco de jardim,

Já tem o corpo em forma de assento

Porque se sentou à espera do fim.

 

Fita os ponteiros no relógio a cada segundo,

Que ficam presos a cada olhar,

-Será que o tempo parou de vez!

-Deixou de passar!

Caiu mais uma lua e com ela veio a noite,

Chamou-o para dormir, é hora de sonhar

Com momentos onde o cenário não é importante!

 

As expressões definham e vão caindo

Dando lugar aos espinhos que teimam ficar.

Êxtase intangível

- para a Carla
 
Flutuando pela desordem dos silêncios esquecidos aviva-se
O pavio da escuridão e de um lamento fetichista…tão intimista
Rabisca-se com precisão aquela luminescência carente e estilística
 
Num êxtase quase intangível o tempo enlaça-se à solidão masoquista

ALTURAS DO HOMEM

 

 

 

são as mãos de pelúcia

as mesmas que degolam

os pássaros

e fartam os nômades

de terra vermelha

por isso

basta-nos espreitar o fôlego

dos viajantes

para ascender à impassível

bandeira oscilante

erguida sem censura

espargida nas alturas

do homem

com uma vontade férrea

de se anelar aos cisnes

e, afoita

desvencilhar-se das carícias

da estrela vespertina

que se distraiu

e foi dormir junto ao portão

de todas as partidas 

Preconceito

Um dos temas que me despertam o interesse é o preconceito. A natureza humana é curiosa, usamos de artifícios baseados em sua própria primazia para justificarmos nossas mazelas. Escravizamos o outro em nome de uma abstrata nobreza racial. Os colonizadores tinham sobre a ótica do mundo uma lupa, e essa lupa enxergava o outro como formiga, não só enxergava como a exauria com a ‘’luz da razão’’. O pretexto racionalista levou o homem tão romantizado pelas poesias e eras de ouro a cometer pérfidas atrocidades.

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