TORMENTA DE AMOR (Pororoca)

Tenho corrido doce desde minha nascente
Para as tuas águas: revoltosas salinas ...
Mas quanto mais perto eu chego, tu foges...
Entre ilhas, arquipélagos e lagunas
Tu te perdes... mas minha vingança chega
E ela é pura de marginal indolência
Quando tu, Mar que contemplo, me invades
Na fúria de uma tormenta violenta...
De mim se nutrindo... no delírio da divina Pororoca...

ORGIA PAGÃ (Nosso Carnaval)

Penetras delirante enluarado
Em minha cama acetinada
Sou teu festim diabólico
Sou tua orgia pagã...
Sol ardente que queima na noite feiticeira
Brasa, luz e devaneios trepidantes...
Sangue, suor, visgo e luxúria...

Fazemos de tudo no cetim esteira e chão da relva
Que já se rasgou em tempestade de sexo violento...

BELO HORIZONTE

Belo Horizonte
Quando na horizontal
Entras como sol
Devorando minha pele luz...

Belo Horizonte
Quando te vejo desnudo
Em teus versos nos meus braços...

Belo Horizonte
Com tuas cascatas
Rios e cachoeiras
D'ouro... d'ouro... dourado...

Horizonte Belo
Que amo edulcoradamente
Belo... belo... belo
Meu Belo Horizonte.

TE EXERCITO

Exercitando o doloroso
Exercício de existir
Dentro de ti a exercitante
Saudade.

Exercício diário e coronário
De exercitar a tua voz
Tão distante pelo fio
Exercitante de um telefone...

Exercito a dolorosa saudade
No exercício fantástico
De te fazer exercitado
O meu exercício sempre
Em tempo de conjugação
Presente perfeito.

Assim exercito
Teu nome
Vestes
Corpo
Luz
Sol
Lua
Saudade...

PARATY (Teu Bandeirante)

Escrevi Paraty com tanto amor
Que acabei me perdendo
No tempo, no vento, nos caminhos
Minhas missivas não chegaram Paraty
Por isso em sendas delirantes
Vou te encontar Paraty amar.

Caminho nos paralelepípedos do ouro
E para dar cabo ao hiato da saudade
Pela distância entre duas cidades
Que estão tão perto, muito perto...
Corro por lembrar de ti e Paraty enamorar...

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