Devaneio

DEVANEIO

Pensar em teu corpo n’outros braços
É uma dor sem pesos ou medidas;
É um esforço, sem fim, que hoje faço,
Pra não ser minha vida consumida.

O meu ser já sem forças desfalece;
Meu coração só pensa em morrer.
Tudo em que penso só me desvanece,
Pela ausência que sinto de você.

Ouço já do meu peito um gemido...
Por que teu coração é tão ingrato?
Pode alguém de amor ficar perdido?
Pode haver, de amor, morte de fato?

Francisco Moreira Filho

Quem é que vai por aí

Quem é que vai por aí
aflito, místico, nu?
Como é que eu tiro energia
da carne de boi que como?

O que é um homem, enfim?
O que é que eu sou?
O que é que vocês são?

Tudo o que eu digo que é meu,
vocês podem dizer que é de vocês:
de outro modo, escutar-me
seria perder tempo.

Não ando pelo mundo a lastimar
o que o mundo lastima em demasia:
que os meses sejam de vácuo
e o chão seja de lama
e podridão.

O Impossível

 

Ah! essa vida de minha infância, o largo caminho sobre qualquer

tempo, sobrenaturalmente sóbrio, mais desinteressado que o melhor

dos mendigos, orgulhoso de não ter pátria, nem amigos, que

idiotice! - E somente agora o compreendo.

Sinto falta*

Sinto falta de algo que não tive.

Algo que não posso ter.

Algo que desconheço...

Distante e presente em vidas em histórias em cordas sem notas.

Não se toca o inimaginável.
Não se faz do imaginável possibilidade! Se faz?

Mente. Que mente... Mente. Confusa essa minha mente.

Sou adormecida no tempo
Às vezes amortecida pelas horas e o Tic. Tac do relógio...

Mente... Que não sente o que o coração incoerente mente que sente

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