_SEPULTURA ROMANTICA_

 

Ali, onde o mar quebra, num cachão
Rugidor e monotono, e os ventos
Erguem pelo areal os seus lamentos,
Ali se hade enterrar meu coração.

Queimem-no os sóes da adusta solidão,
Na fornalha do estio, em dias lentos;
Depois, no hinverno, os sopros violentos
Lhe revolvam em torno o árido chão...

Até que se desfaça e, já tornado
Em impalpavel pó, seja levado
Nos turbilhões que o vento levantar...

Com suas lutas, seu cançado anceio,
Seu louco amor, dissolva-se no seio
Desse infecundo, desse amargo mar!

DIAS, SURTOS, E SONHOS...

A alma sorrir um cansado descanso
Um dia inteiro em guerras, sobrevivendo
Nesta sociedade de humanos feitos em porções
Muitos não vivem, e morrem esquecendo...

O sabor de viver sem vírgulas cada esquina
Cada momento, cada olhar
Estou fadigado, ainda assim sou livre
E não me esqueci de sonhar...

Emilias

(A UMA SENHORA QUE NÃO QUER SER EMILIA)

    Emilia és, quer queiras, ou não queiras:
    Que lindo nome o teu, soante de brizas!
    É um nome de pastoras e moleiras,
    Loira morgada do solar dos Nizas!

    Muitas Emilias ha, entre ceifeiras,
    Ha Emilias nos serões das descamizas...
    Se tu, Senhor! dás nome ás Amendoeiras
    Com o nome de Emilia é que as baptizas!

    Que Santa Emilia te acompanhe, Rainha!
    E com a tua Mãe seja madrinha,
    Quando ella, um dia, te levar á Igreja!

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