ESTATUA

 

Cancei-me de tentar o teu segrêdo:
No teu olhar sem côr,--frio escalpello,--
O meu olhar quebrei, a debate-lo,
Como a onda na crista d'um rochêdo.

Segrêdo d'essa alma e meu degrêdo
E minha obcessão! Para bebe-lo
Fui teu labio oscular, n'um pesadêlo,
Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu osculo ardente, allucinado,
Esfriou sobre o marmore correcto
D'esse entreaberto labio gelado...

D'esse labio de marmore, discreto,
Severo como um tumulo fechado,
Serêno como um pélago quieto.

Senhora! a todas as novenas ides

    Senhora! a todas as novenas ides,
    E porque vós lá ides, vou tambem.
    É um descanço sem par ás minhas lides,
    Aos meus males, e em summa faz-me bem.

    Essas graças que tendes (vós sorrides?)
    Só nas flôres as vejo, em mais ninguem.
    Se o vosso corpo é magro como as vides,
    Os cachos d'uvas que o cabello tem!

    Fazeis-me andar n'uma continua roda,
    Pelas igrejas da cidade toda,
    S. Luiz de França, Encarnação e mais.

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