Partida
Autor: Mário de Sá-Carneiro on Tuesday, 20 November 2012Ao ver escoar-se a vida humanamente
	Em suas águas certas, eu hesito,
	E detenho-me às vezes na torrente
	Das coisas geniais em que medito.
	Afronta-me um desejo de fugir
	Ao mistério que é meu e me seduz.
	Mas logo me triunfo. A sua luz
	Não há muitos que a saibam reflectir.
	A minh'alma nostálgica de além,
	Cheia de orgulho, ensombra-se entretanto,
	Aos meus olhos ungidos sobe um pranto
	Que tenho a fôrça de sumir também.
