Jurando de não Mais em Outra Ver-me
Autor: Luís de Camões on Saturday, 10 November 2012Como quando do mar tempestuoso
	O marinheiro todo trabalhado,
	De um naufrágio cruel saindo a nado,
	Só de ouvir falar nele está medroso;
	Firme jura que o vê-lo bonançoso
	Do seu lar o não tire sossegado;
	Mas esquecido já do horror passado,
	Dele a fiar se torna cobiçoso;
	Assi, Senhora, eu que da tormenta
	De vossa vista fujo, por salvar-me,
	Jurando de não mais em outra ver-me;
	Com a alma que de vós nunca se ausenta,
	Me torno, por cobiça de ganhar-me,
	Onde estive tão perto de perder-me.