A árvore cai

Permaneço atrofiado em minha literatura. As raízes dos aforismos não convencem mais as mudas do jardim bem cuidado; as regagens dos parágrafos jocosos não mais hidratam à terra seca da base. Meus troncos estão grunhindo em sons quebradiços como cacos ao chão, e minhas folhas afoitas fugiram dos meus ombros.

Demiurgo

A linha do universo é tua,
E o embaraço que atua
Enrola na teia íngreme
A humanidade tisne:
Presa na arma: matéria
Aracnídeo torra a pérfida
Raça humana, mas logra
Deus e teus anjos afora
Não há escapatória
O rei da misericórdia
É o carrasco do júbilo,
Como és o murmúrio
Dos ventos fatídicos
De invernos lúdricos  

 
 

 

NATIVA HORA CATIVA

 

i.

nas cavernas e grutas

se esconde a idade média

e um certo confronto 

infame infante

ii.

tenaz alvoroço e traços

de um chicote de plantas

nativa hora cativa

plasma volátil na haste

iii.

a hidrogena lagoa

degola o pássaro-míssil

embaraça o sexto sentido

e perfura as nuvens de viés

iv.

desfaz a carícia da sombra

e à mercê do sufrágio

garante a valsa abstrata

que oscila no pêndulo preciso

 

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