um visceral discernimento

os poetas padecem os solavancos da vida para depois lhes justaporem os antídotos cáusticos que reverberam as suas vigorosas objeções; congregam nos seus reflexos as impressões geradas pela textura dos seus anseios; introduzem nos seus refúgios os enlaces de salubres pensamentos.

Amor de verão

 

No teu olhar podemos ver

Um infinito amor a crescer,

Onde a luz do sol faz brilhar

O azul do mar do teu olhar.

 

Juntos na praia nos deleitamos

Em carícias e beijos contidos,

Ao som das ondas navegamos

Num amor platónico envolvidos,

E renitentes nos evitamos

Para não causar maiores perigos.

 

Mas o amor é puro veneno

Que nos entorpece a razão

E quando o sentimos em pleno

Damos conta que já passou o verão.

 

Resta-me somente a sensação

Eu te amo

Eu te amo
enfrento fronteiras para te encontrar
perímetros urbanos não hei de calcular
espaço e tempo na memória
a matemática nestas estradas pode faltar

Eu te amo
as piores distancias
nenhum peregrino ousou caminhar
ousadia minha , meu amor por ti
ao mundo revelar

Eu te amo
mas quero sentir
toda a caricia do vento, tua ausência suavizar
no expresso mais pequeno desta nação
distancias animalescas a te reencontrar

Ressurreição

Eu não irei voltar! Não volto ao refúgio carnal que de seu asilo trancafiou-me. Quase um século de volúpia contra meu prazer, cativando a soberba do ego; décadas de ignomínia sob o solo dos ratos beirando minha masmorra. Bastardos do rei, poderoso rei, vilipendiou-me nas frestas da esperança, quando vosso austero coração derretia conforme o batimento de teu filho queimava na peremptória piedade não atendida. Afogado pelo sangue opressivo que cachoava, infelizmente, meu funesto corpo; o mar vermelho de minhas entranhas banha o sol como a vertigem de marte.

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