Um Poema...

O que são Poemas?...

 

Conversas da alma apenas

Que a voz materializou…

Emoções e sentimentos

Alegrias, dores e seus lamentos

Que a caneta revelou…

Por tão fortes, tão intensos

E na sua grandeza imensos

Que nem o espírito os calou.

Um sorriso em letra de forma

A alegria que nos entorna

Do pensamento, extravasando,

Uma paisagem com muita cor;

Um perfume, um sabor…

Que guardados ficam,

Nos sufocando.

 

Uma luz um olhar;

Uma viagem, um lugar;

Negra tinta...

Não sou poeta nem escritor

Deito apenas tinta para o papel

Tinta negra como o sangue da minha dor

Por esta pena que é vesícula do meu fel

 

Este sangue escuro, frio e negro

Como tão negra é esta alma minha

Negra a tinta com que escrevo

Coisas desta alma daninha

 

Tão negra tinta em fio espesso

Grosso caudal em rio de lama suja

De tantos pecados que por ele correm

 

Não sou escritor que há glória fuja

Nem poeta dos que sem glória morrem

Sopro do Demo...

Quero-a simples como a vejo

Solta ao ritmo do desejo,

A escrita!...

Sem baralhação.

Não quero as ideias condensadas

Em frases eruditas, rebuscadas.

Mas sim que dêem espaço à imaginação.

 

Quero as palavras, de vontade cheias.

Mas apenas de ideias meias,

Que só tu possas terminar...

Palavras facilmente soletradas.

Ideias em teu corpo terminadas,

E partilhadas, em nosso olhar.

 

Se te vejo nua...

Quero que não resistas.

Que não te acanhes, e que te dispas.

blasfemando...

Nos copos bebidos

Conto os amores perdidos

Em gotas de ilusão…

Cada copo com seu travo.

Desse sabor amargo.

Das promessas feitas em vão…

 

Como, beber o teu corpo

Num copo de porto.

E blasfemar…

Dizer “ámen!”

Ou em tinto sugar-te.

Com branco regar-te.

E em verde provar-te…

Também.

 

Mas a vontade me ficou esquecida

Num copo de uma bebida

Que já nem sei pronunciar…

Pela língua enrolada

Na boca anestesiada

Algures… num bar.

 

Vagabundo...2

Compostas pelo vento,

Trago as notas do tempo,

Escritas na face…

Notas longas sustidas.

Do, Ré, Mi de cem vidas,

Que viveram meus passos.

Ópera em desgraça caída,

No papel de uma vida,

De que ando fugido.

Notas em pauta corrida.

Partitura envelhecida.

Pergaminho esquecido.

Retrato à luz do sol já posto;

De sépia, a velha pele do rosto,

O cabelo em desalinho…

Vagabundo dobrado da idade,

Pelos becos da cidade,

Por onde trilho meu caminho.

Cantata despida,

Por fim...

Tentei esboçar,

teu rosto com letras;

Mas mesmo de mel...

me soaram as palavras a tretas;

Por muito aquém...

ficarem de ti.

Com números então,

tentei somar-te os encantos;

E somei um milhão,

com outros tantos;

Mas muitos mais haviam...

e desisti.

E bebi um trago...

com outro que despejei;

atrás de outro que entornei,

de um fôlego só...

fiquei sem ar!

Respirei fundo,

doeu-me o peito.

E vi teu corpo,

de névoa feito;

Sem escrever...

Maria...Mulher

Porque Maria sois todas…

Mulheres.

Maria.

Maria que és riso…

Que és alegria.

Obediência cega e doentia.

Cruel amo de vingança fria…

Eu te canto,

Maria!

Maria mulher!

Maria amante.

Maria deusa.

Maria mãe...

Maria ser fecundo,

Que sofres como ninguém,

Os partos deste mundo.

Qual humidade de meus sonhos?!...

Qual fogueira,

Do meu desejo!?...

Maria,

És força de vida que invejo,

Por trazerdes, ao mundo quem somos.

 

desabafo...

Conheci a rima na ponta de uma caneta

Já não sei se vermelha, azul ou preta,

Mas tão leve como uma borboleta…

Da pequena esfera fluía.

Fugaz e ligeira me escorregava,

A rima solta na tinta que entornava,

E que livre se formava…

No papel onde caía.

 

Até que “vagabundeando” por aí…

Poemas de merda me gritam,

Com versos cheios de nada.

Frases compridas que de tão ocas se agitam,

Repletas de palavras vazias em boca desfraldada.

Pétalas coloridas em flores sem cheiro.

com os dedos voando...

Só consigo escrever em prosa...

Que logo se me afirma poderosa

Sempre que tento rimar,

As palavras não jogam certo

E sempre que penso que estou perto

Sentido não lhes consigo achar..."

Será???

Tenta assim:

Quando escreves com prazer

Não ligues a quem vai ler

Está-te de todo borrifando...

Que importa o que vão dizer

Ou se quer perceber

O que no papel vais deixando?...

Nem sempre o verso rima

Que não foi imposto por sina

A cada palavra o seu par...

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