Intervalo

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado —
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Teus Olhos Entristecem

Teus olhos entristecem
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

DELÍRIO

no solstício das aves

se vestem as asas das flores

e o colibri plana soberbo

entre aspides e sereno

o úniverso se mantém estável

apesar de seu iminente colapso

meus olhos degustam as pálpebras

entre uma procissão de precipícios

-só me resta o delírio do mar

para domar o rio que flui em mim

grades

Foram 700 mil vidas
não tiveram chance de pedir socorro
foram 700 mil vidas
não tiveram tempo de pedir socorro
foram 700 mil vidas
não puderam pedir socorro
foram 700 mil vidas
esquecidas num canto de uma prateleira
faltou ar
não teve vacinas
agora chora.

Inverno

Cama fria, entre cobertores
apenas enfeitam o meu quarto
só mesmo o verão da sua pele
podem de amor agasalhar
e a solidão emudecer
mas é na noite também, que me mandas frequência do teu corpo
a interagir com minhas preces

E essa ausência intensa a me saudar
sei, o inverno é passageiro, mas com este descontentamento
pode acabar por inteiro
com o meu mundo particular

ODE A KRIS KRISFREE

"ODE A KRIS KRIFREE"

by Fernando Antônio Fonseca

a poesia está inscrita:...

nos livros e nos dígitos das flores

está presente nas aspas das palavras amenas

em tudo que está foi e será

nos túneis do tempo cronológico

sua expansão contorna os arco-íris

e acende fronteiras
nos olhos da poesia de:

-kris krisfree!!

CÂNTICO

Boa noite, amiga!
Desculpe-me a indiscrição mas segue um texto dedicado a vc...
(a que miro como uma clarividente estrela):

CÂNTICO

-dedicado a Michelle Bianchi

by Fernando Antônio Fonseca

os dias perseguem suas margens

as luzes contam-nos de seus fotons

os colibris sabem dos espaços entre os olhos

as dunas contam as areias
das ampulhetas

certa poetisa versa sobre Deus

Pages