as minhas viagens juvenis transportavam consigo uma enorme imaturidade: elas refletiam os meus ímpetos emocionais e uma colossal tarefa para poder melhorar; e os desarranjos por que passei para subir à tribuna da literatura com o farnel das minhas reflexões.
recupero os meus ultrajes para os poder examinar: foram tempos de sofrimento gerado por uma ingenuidade caloira; foram castiçais despedaçados contra um espesso paredão; foram agressões violentas oriundas de festas pagãs; foram obstáculos escabrosos que eu não soube transpor.
a paisagem que eu avisto desde o lugar onde me instalo tem salpicos duma solidão antiga revestida de verdor; traduz uma revolta intrínseca que ultrapassou os limites da decência; revoluteia sobre os escombros duma ansiedade ultrapassada.
transporto os meus sentimentos para onde a cobardia se esfumaça: onde obtenho a concordância do passado para auferir duma íntima robustez: contra as pedras que encontro no caminho; contra o séquito da global vulgaridade.
suplanto o desespero e o enfado quando luto contra as guerrilhas ardilosas que justificam o meu isolamento: onde eu finco a alma dolorida para me proteger das investidas circundantes; para que as minhas aventuras bravias usufruam dum épico desenlace.
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"PRECE"
by: Fernando Antônio Fonseca
& Veronica Vienna
a chuva precede a colheita
de quem planta
o sol antecipa a chuva
de quem ama
o fogo cala o frio
de quem não ousa
e atravessa a barreira
que, outrora
era quase intransponível
porfim,
a colheita cessa com a
turbulência da tempestade
e os corações sofridos
e esquecidos
tornam-se apenas
o amor pela vida faz-me usufruir da sua beleza intrínseca; dos seus provimentos jubilosos ocultos da gente banal; dos seus magníficos presentes oferecidos a quem a sabe decifrar; a quem se sabe proteger dos seus maus augúrios e das suas tempestades violentas.
há impressões que furam o ócio para desarrolharem pensamentos controversos: através de clivagens profundas onde enfrentam as regras dominantes para infundirem novos valores; através de andanças por um mundo perturbado onde testemunham farsas repelentes.
os meus poemas são relatados por uma voz ardente que se introduz no mundanismo para lhe sacar todo o seu fel; para tolher as atuações bravias que lhe são características; para inventariar os seus malignos sentimentos; para discorrer sobre os seus traumas profundos.
desembaraço-me do pranto expelindo coisas pouco importantes: porque o meu caráter já revela os sofrimentos que experimentei; porque ele já veicula a serenidade que demando para restabelecer a minha inspiração; para sublimar o meu itinerário acidentado.