falsos amplexos
Autor: António Tê Santos on Friday, 6 December 2024no núcleo da alma residiram os meus trunfos mais importantes: a vontade indómita que adquiri para escorraçar o sofrimento; o vigor com que firmei uma poderosa afirmação individual.
no núcleo da alma residiram os meus trunfos mais importantes: a vontade indómita que adquiri para escorraçar o sofrimento; o vigor com que firmei uma poderosa afirmação individual.
a impostura ligada aos valores das maiorias requer o poder da análise para ser combatida: com tiros disparados da alma contra as suas barbaridades: com a candura da poesia contra os seus dislates relutantes.
carrego aos ombros o anátema humano quando implanto nos meus versos a melancolia; quando reavivo as querelas daninhas que me apoquentaram; quando restauro a atmosfera conspurcada que inalei.
recrudesce a angústia nos meandros da gesta mundana: nos protestos ríspidos gerados pelo geral descontentamento; nas farsas subjacentes à atuação das pessoas; no aglomerado de servos zurzidos pelo sistema.
Olha como é grande esta estrada ainda
por enquanto a estadia segue agonizante
entre canteiros deliciosos
senhores criativos
cicerones ausentes
nenhum aperitivo veio ofertar
nenhuma peça parece dar o brilho da perfeição entre os encaixes
como um mais um
desconheça o par
navio em oceano aberto
para navegar
que o comandante não aborte a viagem !
para ilhas do além mar
confusos delírios que trazem desânimo e tempestade
minha tarja preta fake
que era bom funcionar!
deposito as reflexões na poesia para expor os meus ideais; para denunciar as guerrilhas humanas e estender o tapete a uma austera liberdade; para abolir as minhas desgraças.
enalteço a poesia que se introduz na alma para nos libertar da tristeza e da revolta; que organiza os fardos da nossa lembrança e compõe os relatos da nossa solidão; que vocifera contra os emplastros que nos amofinam.
podem estoirar as divergências mundanas que eu libertarei do meu refúgio os versos que invento para acelerar o crescimento espiritual; para robustecer as utopias em busca duma apoteótica e vigorosa comunicação.
a paixão que concentro quando escrevo uma sonata literária... quando aprecio os meus poemas à luz duma renovação interior... à luz da síntese fulgente da minha criatividade... da minha insólita existência...