Esquecê-lo-ei

Embrutece-lo-ia no alvorada de um certo dia.
Embrutece-lo-ia com o choro do que não sentia
Embrutece-lo-ia num castelo beira-mar
Embrutece-lo-ia numa república voraz
 
Esquecê-lo-ei pus me a brindar
Esquecê-lo-ei sentido-ausente, capataz
Esquecê-lo-ei nas tormentas do 'tudo-nada'
Esquecê-lo-ei nos discursos a propagar
 
Mas tudo, enfim, chega ao início
No fim do percurso ou de um ciclo
Embrutece-lo-ia esquecê-lo-ei!

AMO TUDO

Amo o silêncio 
Amo a luz que me ilumina
O sol que me aquece
O orvalho que se aninha nos abraços
Amo as coloridas flores do jardim
Amo o silêncio que me cerca
Amo a vida por onde me leva
Amo o canto dos pássaros
O perfume da manhã
Amo a terra que me há-de cobrir o corpo
A relva fresca que me tapará
Amo a chuva, lágrimas no deleite meu.

POR ENTRE

Entre uma porta e outra
Se esconde um sentimento sem fim
Uma dor que dilacera sem cor
Num sombrio vazio 
De desesperados encantos escritos 
Num verso sem dor
Mundo triste entre a saudade 
Que vai sentindo dentro das letras
Que formam palavras no espaço do silêncio

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