Leonor Mota "Poesia II"
Livro. PFC. 2023.
Entre sonhos e desenganos decidi enveredar na aventura.
Exilei-me da minha terra na esperança de um futuro mais risonho.
Vi para a cidade rumo ao desconhecido e senti-me perdida como ave fora do ninho.
Vasculhei de porta em porta, como peregrino, na esperança de ganhar o pão.
Entre promessas e portas fechadas rumei contra a maré.
O tempo foi passando sem ver uma luz ao fundo do túnel.
Caiu-me a ficha, porque a maré não ata nem desata. Perdi o chão e de esperança apagada, vi o flagelo no meio da calçada.
Tanta gente a pedir esmola e dormindo no chão, tocou-me a alma e aparentando calma, apertou a saudade da liberdade, das estrelas sem véu e no silêncio amargo a esperança morreu.
Pouco a pouco a vida entrou nos eixos, mas sempre aquela imagem gravada na mente.
Passei dura provação, sem amigos queridos para um desabafo.
Mergulhei na escrita como salvação, mas sempre aflita, nesta imensidão.