Não Quero o Adeus Que Nos Olhos Trazes

Não quero o adeus que nos olhos trazes
Tristeza traçada num silêncio sem fim
Rochas imersas que se debatem em mim
Sons mudos no tempo, poema sem frases.

Não quero a despedida que na tua voz ouvi
Partilha de murmúrios, um mesmo respirar
Pudesse eu muralhas perdidas abraçar
No teu rosto que em silêncio mora aqui.

Não quero o adeus do rosto que não conheci
O interminável escudo de um mesmo sentir
Trouxesse-me o tempo a tua face a sorrir
Malfadado pôr-do-sol que não escolhi.

Não quero o adeus do teu olhar sem fim
Chegámos ao tempo das palavras perdidas
Não albergamos chegadas, apenas partidas
Onde se eterniza o adeus que trago em mim.

Não quero o adeus que vive nos olhos teus
Seremos poetas, palhaços, todos os autores
Na voz de um abraço seremos cantores
Ou a eternidade do adeus nos olhos meus.
 

JMPereira

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