Antes de ti,
tudo era espaço sem tempo,
partícula efémera,
sortilégio sideral…
Segui-te em rasto de cometa
num quarto crescente,
feito lua cheia,
madrugada
e sol nascente.
Somos,
conjugação intemporal,
eterna aurora boreal,
tu és poema de mim
e eu pretérito imperfeito
feito presente em ti.
E deleitada a noite que nascia,
Despiu o escuro manto torturante,
E vestia agora fulgurante,
Um luar tão claro como o dia;
E logo em nós um férvido desejo,
Forte... ingente...
De um primeiro beijo,
Na noite fulgente;
Sempre que fito os teus olhinhos maviosos,
De cujo encanto não me sei desenlaçar,
Sinto ternos desejos sequiosos,
De em mil laços de amor os enlaçar;
Mas quando lanço os laços de os laçar,
Eles lestos desviam caprichosos,
As minhas ânsias de os entrelaçar,
Aos meus ávidos desejos buliçosos;
E quanto mais de mim eles se esquivam,
Mais deles me enamoro e mais se avivam,
Os meus anseios de atrás deles só correr;
BENDITO SEJA,LINDO CIGANO !!!
Me leva, lindo cigano!
Jogue-me na garupa do seu cavalo
Deixe-me cavalgar junto a sua alma
Faremos versos estrada afora
Em felicidade do nosso agora
Neste mundo de meu Deus
Feliz um cigano me fez
Coroou-me sua rainha
Enfeitiçou a minha alma
Abrilhantou o meu cansaço
Laçou-me com seu abraço
Estrada afora felicidade nos regem
Somos passageiros dos sonhos
Sem terra,sem templo
Sem lenço,sem nome,sem documento
Não sei…
O VERBO AMAR.
Na voz do interior me submeto,
Um toque subtil
a malícia no olhar
um mordiscar de lábios
o roçar de semblantes
que se insinuam…
Depois os abraços
os doidos e ternos cansaços
os corpos ao abandono
já sem dono
e sem jeito,
o delírio dos instantes
e a eternidade
que não nos cabe no peito.
.
(Rui Tojeira)
