Amor

PITONISA

Sibilas doce sílfide
Em meus ouvidos
O clamor do pecado.

E já dançante pitonisa
Debruças silente
Em meu dorso alado leonino.

Teu corpo jaspe ainda fresco
Pela juventude matutina
Me seduz em sexo.

Partem meus olhos
Dos relevos baixos da Assíria
Para mirarem o gélido Tibet
Em clarão: marmóreo alabastro
Onde casto permaneço
Para nos deixar em solitária paz.

MARCELO

Teu sorriso prateado
Reluz ao sol de março
E por entre teus cabelos brancos
Me enrosco e me enlaço...

Tua sedução é a verve
Que me inspira...
E no mar de tua voz
Doce delirante neblina sussurro
Pois agora sedento por ti
Narciso sou embebecido...

AGUA VIVA

Como água viva de Lispector
Chaga de luz telúrica...
"Confesso que vivi"
E entre as ondas oscilantes
Vívidas pela límpida clareza
Dos teus claros olhos pensamento
Água viva em flor serei.

Se medusa queimo a todos
Agora verdadeira água-viva
Com toda ardência de minha
Perfeição maligna intacta
Me protejo antes de confessar
Meus segredos indeléveis.

OS GIRASSÓIS DA RÚSSIA

Atravessei com o maior
Amor deste mundo
Campos primaveris
De girassóis
Numa Rússia
Sinuosa...

Com amor enfrentei
Sede, fome e frio
Mas tudo havia mudado...

Ao chegar, você lá
E meu amor continuou maior
Pois nem uma guerra
Impediria que a Primavera
Brotasse em meu coração...

Lindos jardins floridos
Sinuosos, às vezes, coloridos vistei
E encontrei lá você feliz...

De volta ao meu caminho
Para Itália voltei
E mais lindos girassóis
Contemplei...

ISABEL DE CASTELA (Minha Rainha)

Dentro do claustro
Do teu castelo
Em arabesques
Não imaginas
Que em meu peito
Inflama um core apaixonado.

E por centena de anos
Reprimido pela saudade
E pelas diferenças
Do meu reino
Minha Rainha,
Para ti pareci
Tão distante.

Não é preciso que
Me lance ao mar
Atravessando oceanos
Para nossas coroas
E corpos se unirem
Pois o território
Que pisamos
É e será o mesmo
E para tanto
Minha Rainha,
Basta o teu
Apenas teu
Mando e querer.

TORMENTA DE AMOR (Pororoca)

Tenho corrido doce desde minha nascente
Para as tuas águas: revoltosas salinas ...
Mas quanto mais perto eu chego, tu foges...
Entre ilhas, arquipélagos e lagunas
Tu te perdes... mas minha vingança chega
E ela é pura de marginal indolência
Quando tu, Mar que contemplo, me invades
Na fúria de uma tormenta violenta...
De mim se nutrindo... no delírio da divina Pororoca...

BELO HORIZONTE

Belo Horizonte
Quando na horizontal
Entras como sol
Devorando minha pele luz...

Belo Horizonte
Quando te vejo desnudo
Em teus versos nos meus braços...

Belo Horizonte
Com tuas cascatas
Rios e cachoeiras
D'ouro... d'ouro... dourado...

Horizonte Belo
Que amo edulcoradamente
Belo... belo... belo
Meu Belo Horizonte.

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