Dedicado

MÚSICO

Há de trazer festejo à distante ilha
O acorde que se ergue do bandolim;
Afastar as iras que existe em mim,
A alegre harpa que o músico dedilha.

Na sala escura, queda, melancólica,
Também ao piano Chopin murmurou.
Da viola uma nota alguém já acordou,
Tal qual o pastor co`a flauta bucólica.

Alguém já foi músico em seus pesares
Afinando as cordas do peito aflito,
Tristes sons perseguindo em seus cismares.

Os poetas da Boa Vista

Os poetas da Boa Vista

 

Não quero a sina do homem utilitarista do poeta Luiz Carlos Dias.

Nem a saga romântica e espinhosa do poeta Chico Espinhara.

Antes não tivesse me rendido nos versos sensuais do poeta Fernando Chile.

Embora fosse eu nem querer saber das normais bobeiras de Eunápio Mário.

Talvez preferisse caminhar na lama de Santo Amaro ao lado de Erickson Luna

Mas vou subir até o Ibura beber uma coca-cola com Valmir Jordão.

Depois Volto ao Mercado da boa vista, vou almoçar vendo lindas coxas na companhia de Alan Sales.

CHARLES BAUDELAIRE

Charles tenebroso dessas noites dolentes,
Quem és tu que vem por um suspiro,
Reinar sobre todas as almas eloqüentes,
Iludir-nos tal qual nos olhos, um colírio?

Poeta assombroso de destino fatal,
Cantas as mais sinistras e horrendas paisagens...
Menestrel perfumado co`as flores do mal,
Cujo sonho supremo é ter lúgubres viagens.

Feldoso agente de uma macabra missão:
Encantar os que amam a última jornada;
Tu és rebelde, lutuoso é teu coração,
Vaga é para todos a tua caminhada.

FELIZ MAIOR IDADE

Adquiri a maioridade aos dezoito anos,

Cheio de esperanças e coloridos sonhos,

Assumi a maior idade aos 60 e poucos,

Inflado, ainda, de numerosos planos.

 

Preciso, agora, curtir a melhor idade,

Que vai de hoje até Deus é quem sabe,

Talvez 80, 90, cento e tantos anos,

Ou - acredito nisso - ela nunca se acabe.

 

Porque a vida não se extingue aqui,

Ela segue fluindo em outra dimensão,

Conecta-se ao universo, a um ser superior,

E nos faz eternos, convergindo para a perfeição.

DRUMMOND, DRUMMOND!

 

 

Bom dia, ao meu ilustre e preferido bardo!

Sei que estás muito circunspecto e calado

Frente ao mar, sentado nesse velho banco

Vou sentar-me e fica papeando ao teu lado

 

Quero sentir tua aura incrível e azulada

Vem para a antiga “Cadeira de Balanço”

E depois dedica a mim “Alguma Poesia”

Eu gostaria de ser tua musa iluminada

 

Nascer do Dia

Nascer do dia

Um espaço de rajada solidária com
A força do horizonte
Despertava uma luminosidade
Incandescente na madrugada
Dos seres vivos que restauravam suas
Perplexidades sonhadoras naquele
Que era o momento do sono…

Chegava em fatias num abrir e fechar de olhos
Como quem desperta um grito de
Sólida vontade em querer saber sempre
Mais coisas
E essas coisas um infinito de temporalidades
Momentâneas no prazer
De um aqui e agora…

A terra a rachar numa explosão
De laços de fogo…

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