Desilusão

A REVOLTA DE NINGUÉM

 

Hoje não me apetece ser poeta,

Não me apetece escrever palavras bonitas

Bem casadas, pensadas,

Nem me apetece imaginar coisas belas

Nem colorir a vida de pensamentos loucos

Quero apenas ser eu ou melhor ser tu

Que caminhas por aí errante

Sem querer escravizar a esferográfica

De assassinar o papel ou maltratar

Um compêndio ou uma gramática

Não me apetece ler ouvir, olhar o horizonte

Tenho sede e vou apenas beber a uma fonte,

Não procuro a inspiração

Zanguei-me com a imaginação

Abutres da Carcaça!...

São almas desgovernadas e foras de tempo. 
Os abutres da carcaça quase nunca aparecem
Mas ficam com as antenas ligadas em qualquer florescimento!
Como se estivessem em guerra, mas em guerra o tempo inteiro.
(Uma confusão de tudo dentro de uma guerra de si mesmo.)
Abutres da carcaça nunca repartem nada no meio.
E ainda saem entristecidos por qualquer prejuízo.
São mentes malígnas e manipulativas de saboreio!... 
 

Arruinados.

Arruinados com casos e índices...
Planeta em estado de choque!
Momento perigoso pra vida. 
Notícias nas capas de jornais dão ibope... 
Coisas esquecidas no vento. 
Culturas soterradas com o tempo.  
(Fotos e Arte Moderna não são mais
Os futuros ornamentos.) 
Ou tu não lembras mais dela?...
(As pinturas da Tarsila 
Os poemas do Oswald...)
Talvez sejamos burros mesmo.
Ou talvez sejamos loucos! 

O Fumante No Final

O fumante no final da sua trajetória 
Quis fumaçar as forças gastas com a vitória. 
Já não tinha. 
Já não tinha brasa.
Já não tinha asas. 
Quis despedaçar os pedaços untados em vão
Que já não tinha. 
Já não pensava.
Já não sentia...
O fumante, no final da impaciência,
Caiu no isolamento de si mesmo...
Os seus isopores com insulinas 
Viraram isopores com cervejas
E algumas seringas finas. 

Desamor

Quem vai acreditar na nossa mentira
De que valeu a pena, que não há magoa
Que não foi perda e estar de mãos atadas
Pode não ser falta de energia
 
Quem acreditaria
Que não doeu quem segundo soltou o elástico
Descartado como se fosse de plástico
A pedra que já foi safira

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