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Lírios Pretos

lírios pretos
giram em torno de mim
esculpindo um código
com a sua dança inebriante.
 
um padrão por descobrir
desperta da sua hibernação
e salta da superfície da terra.
 
imagens metamórficas
deixam a sua cova
na simplicidade de um rascunho.
 
lírios pretos
fazem despertar em mim
o lado obscuro do meu ser.
 
lírios pretos.

001

na cadeira do velho relvado,
chá com sol,
leituras de romance em romance.
 
até o sol cair como uma moeda na fenda da terra.
 
lembra-me o verão
pirâmide de luz
 
corpos amarrados
queimavam ao sol laranja
escondendo os halos
com a pele gretada destes lábios.
 
figuras a fumar
fecha os olhos
parte.

PALAVRAS RASGADAS – I

PALAVRAS RASGADAS - I

A flecha só morre no pássaro, quando a luz
se apaga e o canto se escreve!
É nessa dor que começa o poema
de palavras rasgadas,
como se a alma quisesse libertar
das suas amarras
as frases contidas no sentimento,
que o momento sente, vive e reproduz
injetando nelas o ar para respirar.
Soltas e desenfreadas
fluem livremente à velocidade
que a mente prescreve,
divagando na inspiração!
São como o cântico das cigarras,
livre e selvagem, ressoando
quando o dia perde a luz.

Ao Contrário

Aqui é o fim.

Que bom que consegui chegar até aqui;

Um ar puro, que provoca risos no meu pulmão.

Respiro…

Fico extasiado com a beleza!

Observo,

Veja só!

Daqui de cima, até o horizonte é mais seguro.

Que incrível…

Estou pasmo!

Como é lindo!

 

Acho que não vou suportar…

Minhas pernas se recusam a me obedecer!

Vou desabafar!

Para quê tudo isso?

Eu não preciso de tanto!

Cheguei no meio do caminho.

 

Venho andando há dias…

Acho que não vale a pena,

Anatomia Poética - Os Rins

És intrigante…

Recebes todas as injúrias,

Jogam em ti todas as sujeiras

E tu as suporta com naturalidade

E ainda consegues vazar a pureza!

 

Que coisa terrível é quando te zangas!

E quando adoeces e já não podes trabalhar, que calamidade!

Se bem que nem sei se trabalhas…

É apenas o teu jeito de ser;

Árduo, valente e tolerante.

Anatomia Poética - O Pulmão

Rochedo tremendo!

De tanto ar que te infla e te faz imponente

Tornaste o escudo perfeito para a frágil fonte da vida.

E é o que te faz orgulhoso:

Saber que guardas a vida!

 

Teu eterno esforço de reter o ar

Que te foge, posto que é etéreo

Fez-te forte. E tanto que te partiste ao meio

Para melhor suportar a responsabilidade;

E grande, visto que és o maioral entre os seus.

Anatomia Poética - O Coração

És o princípio, a gênese,

A frágil fonte da vida

Que nasce e jorra de ti a cada segundo.

Frágil sim, tanto que precisas ser bem guardado

Singelo, sensível…

 

 

Ah, sim! Sensível!

Tudo te afeta. Só tu amas,

Só tu sofres; só tu sentes.

E quando queres – e tens a mania de querer muito!

Não há força no mundo capaz de impedir-te.

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