UM DIA DE CADA VEZ
Autor: Angela Caboz on Wednesday, 12 November 2014sem saber se será a ultima vez
bebendo a água desta fonte
cheirando uma flor no jardim
caminhando por este monte
esperando que seja sempre assim
encontrando agora uma flor
- profiro sinteticamente...
Há - tem sido assim...
Há - tanto pressinto...
Ora! Nem sinta muito
olhei-me ao espelho
estavam lá todas as minhas rugas
cicatrizes filhas do tempo
que já se passou
e que não me permitem fugas
do tempo que comigo morou
e no meu rosto desenhou
cada linha a seu gosto
uma recta marcando um desgosto
uma curva sinal de uma risada
pigmentos que conhecem em mim
a sua última morada
Salvo meus passos silentes
Pilhando ao léu suas escadas
Em busca dos penitentes
Tão frementes,
Tão frementes junto ao nada.
O nada eu via defronte
Aquele pórtico belo,
Mas surgia em minha fronte
Uma ponte
Uma ponte de desvelo.
E, sobre a fé eu andava,
Adentrando o alvor latente,
Meu silêncio qual aldrava,
lá chamava
lá chamava o onipotente.
Eu ressurgia do fosso
Ajoelhado no altar,
Prostrando ao chão meu pescoço
De remorso,
De remorso a murmurar.