Geral

Anatomia Poética - O Nariz

Estás no centro por seres vital,

Mas, tímido, gostas de esconder-te.

Pequeno, queres passar por desimportante…

Ou andas buscando o céu, achando-se importante em demasia!

Com uma arrogância que não sei se te á própria ou imposta…

 

Gostas de brincar. E tua brincadeira é de avisar

Dos perigos – Quase todos – e dos prazeres.

E de provocar caretas com teus desagrados.

Foste feito com carinho para enfeitar

E requintar, com tua personalidade, o ambiente em que te

    encontras.

Anatomia Poética - Os Ouvidos

Provedor do meu equilíbrio;

Amante de música e de conversas,

Esperto sabedor das curiosidades,

Recebedor das queixas e informações,

Herdeiro de quase todo o conhecimento.

 

 

És o primeiro professor!

Desde o início da vida

És quem ensina os mistérios do mundo.

E, por tua inocência, acreditas na harmonia;

Tanto que é fácil iludir-te com mentiras.

lágrima

Lá bem no fundo, no escuro; o tédio, a mágoa e uma tristeza de sonhos irrealizáveis. Sonhos esses impossíveis de esquecer e por quem existe sempre uma profunda e verdadeira lágrima. Porque será que apenas nos apercebemos do verdadeiro valor do que possuímos somente quando o perdemos.
 

O escalar

Por mais palavras proferidas
Por mais vozes altas ecoadas
Nada seca as fundas feridas
criadas por línguas afiadas

Nada bloqueia a maldade
A agressão por palavras
Que violam a mentalidade
e fazem das ações, escravas

A cobardia de bater
Parte primeiro de gritar
Do falar para enfurecer
Antes de tudo desgraçar

Doméstico apenas o nome
Pois é violência descarada
De quem usa o cognome
“Covarde de mão fechada”

O Velho e eu velho

Quis fugir do destino
Escondendo-me opaco
Na alma de um menino
Mas o velho é macaco!

Sabotei o tempo imuto
Com bombas de ilusão
Mas o velho é astuto!
E atirou-me a desilusão

Cortei amarras ao mundo
Tentando fluir na maré
O velho viu-me do fundo
Puxou-me, perdi o meu pé

Estava quase afogado
Cheio de fel borbulhando
Mas o velho é danado!
E fez-me viver chorando

quimera

Corpos moribundos arrastam-se por entre as sombras de débeis humanos, raios de sol atravessam cérebros putrificados pelo perecer das eras. O caos havia chegado, campos arrasados, mostravam-se nus e tristes, mas tudo isto é uma quimera e a felicidade manter-se-á eterna.
 

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