Geral
*DEBAIXO DAS HERVAS*
Autor: Gomes Leal on Friday, 8 February 2013Podesse ir eu comtigo que m'encantas
Como um vinho, no pó da terra dura,
Dormir ambos na mesma sepultura,
Entre os braços das hervas e das plantas?
Dormir no mesmo leito, e a mesma cova
Sentir os nossos pallidos abraços,
De noite, quando branca nos espaços,
Nas hervas desmaiasse a lua nova.
E aquellas tristes cousas que disseram
Os meus olhos nos teus, adormecidos,
Dizel-as outra vez, já confundidos
Na poeira d'aquelles que morreram.
*OS DEUSES MORTOS*
Autor: Gomes Leal on Friday, 8 February 2013(Á memoria de J. M. Fernandes)
Parce diis
Eu nunca os insultei!... Se estão emfim vencidos
Silencio! Cubra luto a natureza inteira!
Nuvens dillacerae os pallidos vestidos!
Verte gotas de sangue, ó flor da larangeira!
Onde estaes, onde estaes!--Extactica palmeira,
Viste acaso passar os grandes foragidos?
Onde estão Zeus Jesus?! Velhos cedros erguidos!
Nuvens, ventos e mar, guardae sua poeira!
PRIMAVERA
Autor: Bulhão Pato on Friday, 8 February 2013
Uma gargalhada de rapariga soa do ar
Autor: Alberto Caeiro on Friday, 8 February 2013
Escrito em 12-4-1919.
Uma gargalhada de raparigas soa do ar da estrada.
Riu do que disse quem não vejo.
O Macho
Autor: Walt Whitman on Friday, 8 February 2013O macho não é menos a alma,
nem é mais:
ele também está no seu lugar,
ele também é todo qualidades,
é acção e força,
nele se encontra
o fluxo do universo conhecido,
fica-lhe bem o desdém,
ficam-lhe bem os apetites e a ousadia,
o maior entusiasmo e as mais profundas paixões
ficam-lhe bem: o orgulho cabe a ele,
orgulho de homem à potência máxima
é calmante e excelente para a alma,
fica-lhe bem o saber e ele o aprecia sempre,
tudo ele chama à experiência própria,
qualquer que seja o terreno,
PEDINTE
Autor: AMANDU on Friday, 8 February 2013A COR DO CORAÇÃO
DE UM
É AZUL
A MINHA
É VERMELHO
SIMPLES DE VER
OLHO O VÃO
Autor: AMANDU on Friday, 8 February 2013UM POEMA
É SEMPRE LIDO
MAS QUE RAIO
ANDA METIDO
Peçonha
Autor: Milton filho on Thursday, 7 February 2013Peçonha
À maneira das serpentes
Rastejamos sinuosamente.
A diferença é que
fazemos isso na vertival.
Não sei de mim...
Autor: Ártemis on Thursday, 7 February 2013
Não sei por onde ando,
hoje não sou dona de mim,
pertenço à imensidão das horas,
que me corroem sem fim…
Soltei o grito calado,
que sufoca a solidão,
e nas asas do vento,
deixei ir o coração…
Sinto a brisa tocar-me,
embalar o meu lamento,
no bailado das ondas do mar,
afoguei o pensamento…
Deixai-me ir sem destino,
porque me quero de mim perder,
por vezes prender-me em mim,
é mais cruel que morrer…
Ártemis