SER E LER
Autor: AMANDU on Friday, 8 February 2013AMO
A TUA VIDA
E VOU
VER
A MINHA
ESCRITA BELA.
Podesse ir eu comtigo que m'encantas
Como um vinho, no pó da terra dura,
Dormir ambos na mesma sepultura,
Entre os braços das hervas e das plantas?
Dormir no mesmo leito, e a mesma cova
Sentir os nossos pallidos abraços,
De noite, quando branca nos espaços,
Nas hervas desmaiasse a lua nova.
E aquellas tristes cousas que disseram
Os meus olhos nos teus, adormecidos,
Dizel-as outra vez, já confundidos
Na poeira d'aquelles que morreram.
(Á memoria de J. M. Fernandes)
Parce diis
Eu nunca os insultei!... Se estão emfim vencidos
Silencio! Cubra luto a natureza inteira!
Nuvens dillacerae os pallidos vestidos!
Verte gotas de sangue, ó flor da larangeira!
Onde estaes, onde estaes!--Extactica palmeira,
Viste acaso passar os grandes foragidos?
Onde estão Zeus Jesus?! Velhos cedros erguidos!
Nuvens, ventos e mar, guardae sua poeira!
Escrito em 12-4-1919.
Uma gargalhada de raparigas soa do ar da estrada.
Riu do que disse quem não vejo.
O macho não é menos a alma,
nem é mais:
ele também está no seu lugar,
ele também é todo qualidades,
é acção e força,
nele se encontra
o fluxo do universo conhecido,
fica-lhe bem o desdém,
ficam-lhe bem os apetites e a ousadia,
o maior entusiasmo e as mais profundas paixões
ficam-lhe bem: o orgulho cabe a ele,
orgulho de homem à potência máxima
é calmante e excelente para a alma,
fica-lhe bem o saber e ele o aprecia sempre,
tudo ele chama à experiência própria,
qualquer que seja o terreno,
A COR DO CORAÇÃO
DE UM
É AZUL
A MINHA
É VERMELHO
SIMPLES DE VER
UM POEMA
É SEMPRE LIDO
MAS QUE RAIO
ANDA METIDO
Peçonha
À maneira das serpentes
Rastejamos sinuosamente.
A diferença é que
fazemos isso na vertival.