O Espírito
Autor: arresiur on Tuesday, 29 January 2013
Quando Deus criou sua mais bela obra prima: o homem. Deu-lhe o privilegio e a liberdade de administrar tudo quanto havia criado inclusive seu exuberante jardim. Mas um dia ele observando os animais com seus respectivos pares, os rios nascendo em gotas prateadas por entre as fendas das rochas, os lírios com suas flores exóticas, as borboletas colorindo todo horizonte... Sentiu-se só.
-Então o criador vendo sua tristeza e solidão, resolveu fazer-lhe uma grata surpresa:
Talvez em eu morrendo a teus ouvidos
Chegue a noticia, que hoje os factos vôam,
E oiças então os intimos gemidos
Que exhalo e te não sôam.
Talvez então, embora me não ames,
Com esses olhos humidos de fito
Na minha sombra: «Desgraçado! exclames;
Amava-me, acredito.
«Levou a vida amando-me: que prova
Me podia alguem dar de mais ternura,
Ingrata como eu era! Abri-lhe a cova,
Cavei-lhe a sepultura!
Escrito em 21-5-1917.
Sempre que penso uma coisa, traio-a.
Só tendo-a diante de mim devo pensar nela.
Eu vivo só das multidões distante,
E tenho um tom solemne grave e emphatico,
Amo Flaubert, Gostavo Droz e Dante,
Sou mysanthropo, hysterico e limphatico.
Sou phantastico, altivo, e caprixoso,
E tenho uns paradoxos meus protervos...
E entre elles conto um livro volumoso...
Em que explico o Remorso pelos nervos.
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Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,