Geral

Calado

Não fale nada. Permaneça em silencio.

Escute a voz que vem de dentro.

Existe aquele momento

Reflexão sobre espaço e tempo.

 

Tempo perdido, amor não correspondido

Sistema opressivo, trabalho excessivo

Calo-me por medo de ser abusivo.

 

Nada a declarar é o que tenho a falar

E falar não vai mudar o desejo de criar

Prefiro pensar à me expressar

Aqui não cabe julgar

Aprenda a respeitar

O direito de me calar.

Sem querer sair

 

                 Saudades que vem de lá

                 Que se chega sem querer sair

                  Abrigado, obrigado não quero ir

                  Cessará ao voltares para cá

 

                   Saudade instalada  dói 

                   Num processo incessante

                   Sem que me deixe por uns instantes

                   Minando enquanto  corrói

                  

                   Ao adormecer  sonho contigo

                   Sonhos  belos  e  estranhos

Não direi

             Hoje   não  direi de mim

             Nem dos seus olhos

            Direi do cravo e da rosa

            E  de todos do meu jardim

 

            Da rosa  amarela

             Dourada e perfumosa

            De pétalas  aveludadas

           Que insiste espiar pela janela

 

           Rosa carmim, o jasmim

           Petúnia e resedá

           Rosacéas do lado de cá

           Hoje... não direi de mim!

 

 Nereide

 

 

  

Só Aquilo que me Faltava!

Tem uma pálida luz do sol
Em meu leito,
Que parece que se esfria mais
Quando toco no gélido papagaio
Sob a coberta fina,
Um verdadeiro lençol.
As Pedras presas em meus rins
Continuam doendo
E não descem por nada!
Tenho a arrogância
Dum enfermeiro do dia,
A doçura das enfermeiras da noite.
Dou uma olhada pela janela,
Imagino o pátio lá embaixo.
Sinto saudade de casa, dos outros,
Dos meus oito gatos, dos amigos,
Até do irritante som alto no vizinho,
Das coisas pras quais eu prestava,
Pois agora estou impotente,

Nem Pronta, Nem Inacabada

A poesia que fiz e não te entreguei,
Não é assim tão boa,
Mas não te entreguei não foi por vergonha.
Na verdade, foi porque não estava pronta.
Que nem eu, que nem você,
Que sempre acha que está faltando alguma coisa.
Apronta-se, aponta,
Desmonta-se e não sossega,
Que procura, procura e nunca se entrega.

Os Tombos da Alma Minha

Tomei um tombo e caí de joelhos.
Levantei sem ninguém me ajudar,
Alertaram que não era mal do corpo.

Não demorou e me dobrei de novo,
E demorei mais para levantar,
Pois meus joelhos ainda estavam ralados.

Curei meus joelhos, mas
Esqueci-me de curar
Também a alma minha.

Caí novamente e não ralei os joelhos.
A alma minha é que
Precisava ser socorrida.

Neguei ajuda mais uma vez
E nunca mais caí.
Apenas os outros, derrubei.
 

A Moça do Malabares ou A Arte de Ser A Vida

Tinha uma moça jogando malabares coloridos,
Uma moça de bermuda e cabelos esverdeados.
Fazia sua performance no semáforo vermelho,
Grata às moedas e risos amarelos nos veículos,
Apesar do sol de meio-dia, intenso, alaranjado.

Nos intervalos, uma golada na garrafinha pet,
Um confere nas mochilas, um olhar pro nada,
Um mergulho casto pro interior dela mesma,
Um graças por ter conseguido pro marmitex,
Por estar fazendo arte e sem ser subserviente.

Alguns observam de seus estimados carros,

Poesia ao mouco

Viva como se fosse louco,
pense como se fosse sábio,
lute como se fosse hábil,
pereça como se fosse praxe.
 
Tendo em vista, o que já foi visto,
ditando, o que jaz escrito,
meramente, abaixe a cabeça,
a essência porém, não esqueça.
 
O intrometido, lhe dá bons conselhos,
conselhos de alguém já vivido,
inclina-te os seus ouvidos,
abaixe porém, a cabeça.
 
E os nomes à tempos lembrados
no tempo se eternizaram,
Pergunto-me:

Pages