Meditação

Bucólica espera

 

E este imenso mar abalroa o meu olhar

Sonantes ondas transpõem o meu ser

De profundidade sedento,

Jamais desenhada na superficialidade desta realidade,

Que me afoga com desdém

E inerte olhando para esta sua imensidão

A minha alma finalmente encontra,

Aquela paz que o meu ser escabrosamente anseia

E assim permaneço desejando somente

Reencontrar nas suas intempestuosas vagas

Aquele silêncio que absurdamente me envolve,

E me devolve o breu desta vida

O Senhor Me Conhece

Senhor tu conheces os meus pensamentos

O meu deitar e levantar

Toda palavra oculta em minha língua

Sabes mesmo antes de eu falar

Sabes para onde irei

Antes de me por ha caminhar

Para onde fugirei da tua face

Que não possa me encontrar

 

Se subir ao céu Lá esta o Senhor 

Se mergulhar nas águas do mar

Também ali o Senhor me espera

A tua mão sobre as ondas me guiara

Se as trevas me encobrirem

A sua luz me mostrará

Trevas e luz são iguais para o senhor

Apenas escrevendo

Na desmedida ânsia desta escrita

Me traduzo sem pudor,

Regurgitando a minha angústia

Abençoando os meus amores

E exorcizando os meus desamores,

Vertendo invisíveis lágrimas

Que perdi na dor de nunca me encontrar.

E eternamente me procuro,

Pintalgando o meu pensamento

De cor infinda de esperança,

Numa folha de papel de serenidade inundada

E que revejo numa bucólica e vibrante árvore,

Delicadamente me aplainando

E com ternura me transparecendo,

Somente poemar

E assim me encontro e desencontro

Suavemente o teu olhar tocando

Que me penetra e confunde,

Aquele olhar que jamais encontrei

No mais profundo do meu ser.

E nele arde em mim o singelo fogo

Que da terra ferozmente brota

Com trevas de esperança anunciado

E exalado num profundo grito de agonia,

E que em mim divinamente aterroriza

Nesta desmedida ânsia de viver,

E me seduz e fingidamente me abraça,

Acalentando com ternura todo o meu ser.

Intensamente

Neste primaveril entardecer

Um intenso sabor de vida paira

Apega e desnuda todo o meu ser

E perante ti, me ergo, vida infinda

Que de fugaz tempo me eterniza

E incessantemente te procuro em cada esquina,

Breve amanhecer de incessante penumbra

Que delicadamente me abraça e recolhe

Para de mim sua alma toldar,

Breves momentos de sublime glória

Que em mim acalenta e desbrava

Perdidos sonhos que em fulgor renascem

E intensas emoções me desdenham,

Momentos

Um incerto e vago caminho

Que no meu horizonte, me seduz

Poema carne, alma perdidamente

Caos intenso de amarguras presente

E a minha alma ansiando

Pela vida caótica que me devora

E o anseio por a viver e sentindo

Nas entranhas bem dentro do meu ser

No profundo de mim, onde impera a dor

A tua voz delicadamente penetra,

E ancorando o meu ser no teu ventre

De profundos abismos que me deslumbram

E a ti me apegam, e perdidamente anseio

A vida em mim renasce e vibra

Impiedosa esperança

Sempre esta insana insatisfação, brotando do meu ser

Porquê voar se posso andar, desenha a minha alma

E os céus por mim reclamam,

Os meus pesados passos mastigam a terra que piso

E de dor pintalgam esta estrada,

Percorrida sem pudor, de nunca me encontrar

Tendo em mim a vida acalentado,

Num profundo grito me abraçando

E teimosamente as minhas asas reclamam

Esfumando de ansiedade,

Querem partir para em mim me buscar

E sempre à espera de me encontrar.

Somente vida

Somente a única que nos dá alma, sabor, cor, arco-íris candente
O pensamento em mim transborda,
A emoção que me aborda sem permissão do meu ser
E a coragem brota no silêncio que me abraça
Que me ofusca e me ergue,
No alto deste esplendor aflorando
E a palavra vida só faz miragem

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