Meditação

TELHADOS ALGÉBRICOS

sobre fragas derribadas os homens devem alterar o seu pensamento.

 

os meus aguilhões cravam-se naqueles que se extraviam na parada dos costumes.

 

morei dentro de cantigas que difundiam gemidos existenciais.

 

o homem resumiu deus a um mero produtor de afagos mundanos.

 

encontrei os fundamentos das combustões que lavram pelos itinerários da humanidade.

O TUGÚRIO ESCALAVRADO

a opressão estarreceu na memória quando o estudo a entendeu.

 

a dor possui um clarão bravio tonificando a consciência.

 

a sensação de ter vivido preso a um tronco que o chão farto irrigou de esperança.

 

o arrimo de palestras beatíficas excita um regenerado sopro que traumatiza.

 

os poemas brotam das mágoas que tapizam o meu caminho lapidoso.

O TIMBRE PARDACENTO

quando o meu hálito carregava os abusos duma trouxa remendada.

 

fui compondo o memorial do desgosto com a postura dum aventureiro sem razão.

 

quando as costuras são frágeis e o sonho regista insucessos.

 

o sonhador se ofertou ao mundo no aconchego de franzinas caravelas.

 

as palavras inventadas por deus (ondas contra ondas num estrondo ensurdecedor), a misantropia recalcada.

Poetizarei sem motivo ter...

Poetizarei sem motivo ter...
 
Poetizar, verbo transitivo direto.
Poeta, sujeito inconveniente, indiscreto.
Poetizo sempre no presente do indicativo,
para mostrar minhas aspirações escondidas.
Poetizei e poetizava no passado imperfeito,
indicativo de que ainda começara tarde, mas cedo.
Aos meus olhos poetizara num passado perfeito,
indicativo de que tu poetizaste e resolvia a mim.
Mais que perfeito, sempre indicativo de que
poetizáramos o impoetizável, o inaudível.
Que eu poetize sempre diante do presente,

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