o cais sereno
Autor: António Tê Santos on Monday, 13 November 2017eu amplificava a tristeza quando reassumia os afetos com uma nomenclatura desvairada ou quando a puerícia tinha razões que eu ia desbulhando sofregamente.
eu amplificava a tristeza quando reassumia os afetos com uma nomenclatura desvairada ou quando a puerícia tinha razões que eu ia desbulhando sofregamente.
os fardos que capturo na minha redoma têm figurações que vou retalhando em gomos de inspiração com uma singular habilidade para usufruir dos relatos que excitam os tratados de sabedoria.
concebo trovas buriladas por afetos harmonizando os conflitos que pululam na memória: são bailados do coração com dores perenes inseridas; são palavras que enovelo na minha literatura.
largo o trilho das angústias ao remover os meus desacertos; ao gizar um círculo prudente no abrigo que idealizei; ao zumbir as ilusões que lubrificam o meu viridário.
Ao chegar lá no calvário vi à cruz vazia
Não encontrei o meu mestre querido
Foi quando alguém me falou
Que naquela cruz ele tinha morrido
Ao ver sangue espalhado pelo chão
O meu mestre ali não estava mais
Depois de muitos caminhos percorridos
O meu Senhor, eu não tinha conhecido.
Chorei muito porque cheguei tarde demais.
Foi quando alguém me disse
Amigo não precisa ficar triste
Assim o Mestre sempre falava
Que numa cruz ele ia morrer um dia
Mas ao terceiro dia ressuscitaria
retrocedo ao presépio sempre que a opinião expõe os desígnios divinos ao estimular a harmonia sobre as máscaras dos homens: ela simboliza a beleza onde a lenda ambiciona vaguear catapultando-me até um céu impregnado de fantasia.
as emoções ataviam-se em trilhos conspícuos delimitando os odores da imperfeição; tilintam contexturas que ultrajam quando bradam as peripécias mundanas; restringem as brenhas que fincam as minhas narrativas.