a janela impúbere
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 16 May 2017recupero os lúgubres afetos entoando cantigas que fortalecem os bailados de outrora sempre que a memória origina explanações imperecíveis.
recupero os lúgubres afetos entoando cantigas que fortalecem os bailados de outrora sempre que a memória origina explanações imperecíveis.
o recheio dos meus desenganos está numa consciência que modificou os sentidos duma vida reprovada (os murmúrios que silencio contêm um desnorte que transporto até ao lugar etéreo onde me alento).
foi no tabuleiro do conforto que eu aprendi a sorrir quando gelaram os sermões estabelecidos na orla da loucura; e quando a sagração do pensamento se fez pelo mesmo umbral onde aglomerei responsabilidades.
fecho as janelas dum tugúrio com as máculas enfeitadas pelos silvos da regeneração no final duma era impetuosa que eu coloco na prateleira das avaliações.
a proeza de me engastar onde os imperativos dos convénios não entram, nem as querelas restringidas a sintomas irascíveis que contestam os benignos veios da mocidade.
a transformação da rotina em preceitos que ascendem as saliências do dever afastando um luxuriante existir onde a algazarra foi um isco que arrebatou as matérias que desprezo à minha essência lacerada.
colho o bem-estar no campo híbrido da análise ao interrogar a minha existência; mas há apreensões que perduram suspensas no topo da mundanidade.
nobilito os meus desconcertos ao prolongar os carreiros imaginados: é a sabedoria que eu busco numa lixeira colossal; é um raciocínio pungido que eu transformo no envoltório do meu viver.
Simplesmente aos trapos
aos desejos de estar em solidão
Clareiam-se dores... sentimentos...
a ligação dum antro às falas do garoto que transporta na mente antecipados fervores e solicitudes imprevistas que ornamentam os seus discursos e ressoam airosos no lugar do sofrimento.