os relatos da minha solidão transparecem os sintomas duma alergia que se estende aos circuitos mundanos e às suas benesses hipócritas; às evoluções mórbidas das sociedades; às maledicências concebidas pela maioria das pessoas.
a minha poesia resiste quando desloco para as angústias os sermões ultrapassados dos homens; quando persisto junto aos seus injuriosos rumores; quando pululam à minha volta os basbaques que me querem rasteirar.
juntei os farrapos da minha juvenilidade para os incinerar com repulsão: através dos versos diletos que extinguiram as minhas humilhações e que refizeram a minha existência acidentada; através da técnica ímpar dum poeta maldito.
Poema para a Enfermeira
Te prometi este poema,
Cansaste-te de esperar
Até que chegou o dia
De ele ás tuas mãos chegar.
Foste bebé, foste criança,
Hoje és uma mulher,
Tens uma grande missão para cumprir
Até quando Deus quiser.
Missão de Ajudar,
Missão de socorrer;
Ao longo da vida temos momentos de azr e outros que andamos em busca do trevo da sorte.
são só
sismos silentes
de silêncios transcritos
(é só um tenso intento
de etéreo e pleno
rebento)
correnteza
veios a escoar
-rio laminar
que devagar
retoma
a foz....
Quando a distância começa a pesar na mente...surgem a saudade! uma emoção difícil de traduzir por palavras.
Rio de sangue
Não me colocaram em nenhum de seus planos
Vontade de destruir casa de vidro e de barro A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia de água negra? Vontade de destruir casa de tijolo, que me foi negada Já ficou no escuro ouvindo o canto da cigarra?
Esse rio Tinto, tal qual o Nilo quando foi tingido
Esse vermelho era feito de bala
Torto arado
Cabo de marfim fincado no solo, cheiro legitimo de terra
Mato verde nas narinas, caminho até a escola
Essas letras no quadro verde, lousa verde, casa de cor verde Não narram minha história.
Quilombos, quilombolas, quilombos, quilombos
Prefiro sentir no corpo as lições que a vida da Essa terra úmida pede para parir.