Meditação

DE COMO FALAR DE MORTES E PERDAS

A mãe do meu amigo faleceu...

Inesperadamente, deixando em pratos os seus,

E ela tinha um sorriso de descanso nos lábios,

E demonstrava uma placidez que só as boas almas tem.

 

Ao olhá-la, ali, entre coroas de flores e velas tremulantes,

Lembrei da minha adorada mãe, lá tão distante,

Que vive às voltas com suas novenas e suas dores,

E que um dia também dirá adeus a todos nós.

 

Nas lágrimas do meu amigo eu me vi chorando,

E senti a garganta se fechar num nó amargurado,

DEUS

                                         DEUS

O DEUS que surpreende, que me ensina sempre.

   Que eu preciso confiar, mesmo sem compreender.

E faz o sol brilhar para mim, inédito outra vez!

 

Autora: Madalena Cordeiro

CORRO AS PERSIANAS DO TEMPO

 

Corro as persianas do tempo

Bloqueio o andar do pensamento

Encerro-me numa cave escura

Olho para trás, apenas de soslaio.

 

Não desenterrarei o cadáver

Há muito enterrado

Em decomposição.

 

Quero ver uma nova aurora

Um novo Sol

Um novo dia.

 

Quero alcançar,

O horizonte Perdido,

No infinito do tempo.

 

Corro as persianas do tempo

Não vou mais olhar para trás

Um novo horizonte

Está ali, à minha espera.

 

Mário Margaride"GIL60"

ESTA CHUVA

 

Esta chuva, que me molha o rosto
Esta água de ontem,

Que hoje retorna de tantas origens
De um rio longínquo,

Bebido pelo ar a caminho do mar
De um corpo suado por um sol ardente

De um trabalho mal pago
De um charco que a terra abrigou,

Que se evaporou e em chuva voltou
De lágrimas de dor,

De alegria, de raiva, de riso,

De olhos cansados.
De tantas origens me chega esta chuva,

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