a falésia desmedida
Autor: António Tê Santos on Friday, 19 August 2022inspiro um bafejo benigno para não percorrer os trilhos da ignorância; para que o desvario não se firme no meu ânimo; para que as minhas atuações possua uma coerência emocional.
inspiro um bafejo benigno para não percorrer os trilhos da ignorância; para que o desvario não se firme no meu ânimo; para que as minhas atuações possua uma coerência emocional.
as narrativas que vou escrevendo possuem uma inusitada ventura que orienta as minhas reflexões; que transborda das profusas quimeras que renovam o ar que respiro; que deriva para o oceano assombroso onde entorno a minha poesia.
lembro as mágoas saídas do meu pranto que eu ia declamando para toda a gente; lembro as tertúlias maldizentes onde eu linguarejava como um arlequim; lembro o meu vínculo aos desgrenhados lugares onde fluía um comércio indecoroso.
outrora as paixões invadiam-me com as suas danças frenéticas e as suas extravagâncias: serpeava a juventude no fulcro da minha desilusão; os meus sentimentos era vassourados pela acutilância da incivilidade.
circulo por terrenos irregulares onde sei que o amor é um logro e que as palestras sentimentais vertem melindrosas opressões; onde me afasto de tudo o que se prolonga para lá da comunicação elementar; onde examino os interesses que pululam na vida.
as minhas emoções contêm úlceras que não cicatrizam; a minha fantasia abrasa quando eu percorro as ruelas do mundanismo; as minhas palavras fustigam quando eu me aproximo da ignóbil gente.
inventam-se subterfúgios que geram esperanças que não existem nas crónicas benevolentes da humanidade; ou transfere-se para as atoardas a violência que humilha os servidores desta vida dissonante.
pululam os ditames fecundos e as excelsas novidades daquele que reflete na buliçosa viagem ao cerne do mundanismo; daquele que promove a genuinidade no decorrer da sua árdua evolução.
se pudéssemos esgrimir contra as atoardas que resistem nas sociedades onde persistimos desnudados de inteireza e compostura... se pudéssemos suprimir os métodos desprezíveis de contradizer as melífluas paisagens que inventamos para alentar a nossa harmonia...
estrondeiam as palavras que devolvem o fôlego ao trovador; que reprimem o pranto que se acumula na sua bagagem; que dilatam a sua preciosa liberdade na orla duma estrutura que o atormenta.