Meditação

Natureza humana

Catequizar as emoções
Canalizar a fé adequada
Cativar as lições esperadas
Nas escolas primordiais do amor
Os professores
E todo tipo de senhoria ou menestréis
Adquirir saber
Combater o cadernos em branco
Coração sem escrita
Mente aflita
O grito que não alcança sonoridade
Desejada
Nem boca acariciada
Palavras duras não socorrem ninguém
As oportunas pragas do Egito
Castigou os não oficias do bem
O doce tem gosto amargo
Saborear não convém
Homens do mundo de mentes rasas

TEXTO EXTRAÍDO DE "POESIAS COMPLETAS DE ALBERTO CAEIRO"

 

 

 

"O que existe transcende para mim o que julgo que existe.

A realidade é apenas real e não passada".

 

 

                                                                 Fernando Pessoa                                                           

 

O Tempo triste

O tempo saboreia todas minhas veias
Um conglomerado de células
Desimportantes para este senhor
Consumidas também
Sem piedade pelo assustador espelho
Não é com a aparência
Que me preocupo
E com que eu prego no mundo
Eu me sinto triste ,
Para que esconder o que sinto ?
Os trocados de afetividade são os
que servem ,
Entregues para quitar a anti alegria
Viver preparando os retalhos
Para cortinar a sala durante a refeição do tempo,
De profecias particulares
Um tiquinho de felicidade

INCERTO E AUSTERO

 

 

só não me confundam

com a penumbra da noite

o desconforto do meio-dia

na trincheira escura que me atropela

sozinho na rua instável

 

me perco quase que completamente

justo como um descrente

por aderir a um riso fácil

um sinal de feitiçaria demente

comovente como um crime doloso

e me recupero por completo

-incerto e austero-

por causa de detalhes irrelevantes

diante da muita controvérsia

pelos transtornos que não causei

 

sei qual é a cor do pecado

Vida

A morte não deve ser nossa capitã
Por que Deus não é um Deus de mortos
Ó desvairada e antiga vilã
Morte, eterno é o teu despropósito!
De toda humanidade persiste em ser anfitriã
Se está vida é tudo que há
Existe dramatização, e tramoia
Onde já se viu , até três mil anos
Viver a Sequoia?
A humanidade paga o preço
Exorbitante
Da conta que Adão deixou sem quitar.
O mundo com esta sina é descontente
A morte e como um sono custoso
Chega deste vil descansar!
Feia adormecida

POEMA SOB O REFLEXO DA TOMADA DE CONSCIÊNCIA

 

 

 

venho tentando aos poucos

fazer qualquer coisa assim:

erguer um jardim sem flores

descrever um panorama sem cores

resolver que uma resistência natural

ao mofo das coisas passadas

não passa de crença

sem fundamento

do que não retive em minha mente

pelo sobressalto do medo

de não obter uma resposta coerente

com meus dogmas e escolhas

 

venho tentando aos poucos

conceber poéticas originais

que me pareçam entretanto normais

sem traumas e controvérsias

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