quando levito pelos mapas do futuro transporto esboços que me obrigam a renunciar aos trejeitos decadentes para que os amplexos fétidos da vida não me convertam numa insuportável marioneta.
desde a infância
cabelos crentes ao vento:
é só cantar
que não se torna deprimente
nestes passos largos
passam a vida
e a vida atrevida
só não passa o ocaso
esta vontade de querer
subitamente interceder
por planos refletidos
e quietas convivências
só não passa o opróbrio
e a chama ofegante
na última vereda
desta ironia ou malogro
de aos sessenta
desejar o favor
de um amor fugidio
implícito neste clamor
florejo nos lugares ácidos da vida onde os obstáculos se dissipam através duma inspiração que transporta os meus tirocínios experienciais; e onde rejeito a melancolia para poder despedaçar os meus sintomas decadentes.
as minhas experiências são inscritas na alma com o vigor dum marinheiro fascinado pelas ondulações da poesia; ou com a têmpera dum renegado que teima em descobrir um epílogo para a sua existência sobressaltada.
a minha poesia intelectualiza o sofrimento com a desenvoltura indispensável ao restauro do vigor: os versos que ela produz lutam pelas diversas formas de amar a vida revogando os seus transes e as suas melancolias.
Por vales eu vou derramar as pedras do passado e criar o monumento do futuro .
Como um obelisco , uma pirâmide dos tempos antigos , criar novos caminhos e encontrar incriveis amigos .
Como toda a certeza eu sei , que estou a levar o rumo que sempre levei , vindo do coração e fora da maré .
A alma de um escritor é a que tem mais fé .
Fé na acção e no pensamento , mergulhar na propria sombra e evoluir no crescimento .
Libertar das correntes , navegar por mil correntes e criar os arquipelagos dos mais belos e momentos contentes .
junto ao miradouro donde se avistam os benignos horizontes da ternura humana estão as próteses duma guerrilha que arrasa o empenho daqueles que rejeitam o descampado onde vivem as angústias e os exageros mórbidos da nossa condição.
há um rol de emoções que eu transfiro para a poesia para ilustrar o meu atual regozijo e oferecer ao mundo as peugadas dos meus cânticos introduzindo neles o vendaval que suportei.
reflito sobre a voracidade dos homens para extrair dos seus intentos os relatos pervertidos pela solenidade dos meios onde se agitam e pelas lutas hediondas que corroboram as suas crenças e os seus depoimentos ultrapassados.
