Meditação

Não voltes por dó

Hoje já não aguento,

Hoje já nem  comento.

Hoje já nem invento,

Quanto muito eu lamento.

 

Mas tenta por amor,

Não tentes por favor.

 

 

Desisto mas não quero,

Logo resisto a desistir.

De repente quando vejo o zero,

Tenho medo de partir.

 

Fui me embora sozinho,

Volto agora tão só.

Admito que magoa um bocadinho,

Mas não voltes por dó.

 

Gota

Gota que chove tristemente,

Chora num pranto isolado.

Molha as costas de tanta gente,

Que nem se sente a ser molhado.

 

Sopro de um vento sentido,

Quando te oiço a cantar.

É um ritmo que quando ouvido,

Amplia aquilo que sinto,

É a brisa onde vais voltar.

 

A terra húmida que já é lama,

Encaixa entre os meus dedos.

Numa frieza leviana,

Que este frio não me engana,

Quando lhe conto os meus segredos.

 

 

 

 

A palavra certa

A palavra certa é complicada de encontrar.

A palavra certa é quase sempre frustrante.

A palavra certa por vezes flutua solitária.

A palavra certa ocasionalmente é acompanhada.

A palavra certa é o silêncio que escolhemos dizer.

A palavra certa é a desculpa que usamos.

A palavra certa é tudo aquilo que tu sonhas.

A palavra certa também é o pesadelo que me persegue.

A palavra certa pode nem ser escrita.

A palavra certa é sempre sentida.

A palavra certa certamente não é minha.

A palavra certa és tu em poesia.

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