Natureza

Celeste

Quero estar lá. Na profunda imensidão de suas formas. Vejo e as compreendo. Suas linhas paralelas. Linhas que percorrem seu desenho natural, ao alto de sua colina, ao finito horizonte. Demonstrando seu próprio nascer. Lá posso ver os pássaros, eles voam por lá. Lá posso ouvi-los, eles cantam por lá. Não sentem temor, ajudam a fazê-lo. Faz jus a calmaria, admirada por minha compreensão. Quero estar lá. Não é cálido onde está. É pouco e pouco célebre. Seu firmamento azul, e nunca volúvel. Da cor da neve estará quando o inverno tomar. Gosto assim. Seu frio também aquece.

Celeste

Quero estar lá. Na profunda imensidão de suas formas. Vejo e as compreendo. Suas linhas paralelas. Linhas que percorrem seu desenho natural, ao alto de sua colina, ao finito horizonte. Demonstrando seu próprio nascer. Lá posso ver os pássaros, eles voam por lá. Lá posso ouvi-los, eles cantam por lá. Não sentem temor, ajudam a fazê-lo. Faz jus a calmaria, admirada por minha compreensão. Quero estar lá. Não é cálido onde está. É pouco e pouco célebre. Seu firmamento azul, e nunca volúvel. Da cor da neve estará quando o inverno tomar. Gosto assim. Seu frio também aquece.

Laranjeira

São dez lâminas a apontar. São dez braços bronzeados a me levantar. São paredes esponjosas salpicadas de cor, terminadas ao fim em cambiantes mais maracujádos, num anel cingido por sobriedade. E depois dele, a brancura adentra faz-se tão virgem quanto terra que não desvirginou. E sou eu o escolhido a sacrifício. Caminhos, mundos, estórias incluídas sob meu rosto inchado na aparência da gota que cintila à plenitude da luz granulada pelas águas frias nas ondulações do horizonte, que dá vontade de brincar bicicleta, ao lado da folhinha caída; quebradiça nas arteriosas.

Deitado no chão de palha - 2

Deitado no chão de palha

É bom sentir o mundo, gostava de o abraçar inteiro de uma só vez.

Como não posso, tenho que abraçar uma pedra de cada vez... olhá-las com calma, uma por uma, pois todas elas são diferentes e também são vida, tenho que ver o mundo um pouco de cada vez.

Comer melancias, pêssegos de agosto, ameixas, peras doces, beber a água fresca das fontes, trepar árvores antigas de olhos fechados, agarrar os varões das pontes e mergulhar lá do alto para confirmar se os peixes ainda se escondem nas mesmas tocas das paredes de pedra do rio.

Luar de Janeiro - 2

Luar de Janeiro - 2

Gosto de ver a noite nos meses de janeiro.

Quando era pequeno caminhava nas florestas por cima das folhas, subia veredas para chegar mais alto, acreditava que subindo mais e mais podia ver de perto as constelações e as estrelas cadentes.

Nessas veredas os mochos galegos ocupavam os seus habituais poleiros para anunciarem o luar de janeiro. Quando a lua mostrava todo o seu esplendor tudo parecia irreal.

Ventura ventureira

Ventura ventureira

Na harmonia da paisagem
Me retrata tua solidão
Séquito de amparo e desejos
Tu és natureza meu ensejo

Doce é o teu encanto
Aos olhos e ao coração sequioso
De afago de sons e melodias
De paisagens polidas e limpas

Penetras em minh’alma
Locupletando cada espaço vazio
E os cheios pelas bordas completas
Minhas falhas suprimindo-as

Natureza de prodiga ventura
Aventureira dos homens cegos
Que não enxergam tua face
Mas tu relevas este desastre

Plantemos música na paisagem

a paisagem é propícia à música
há um rio de palavras que se unem em forma de poema musical
há um mar de letras que aquecem as tardes frias de inverno 
é a arte da música, a única forma de não nos esquecermos 
que somos humanos, o sopro da identidade 
elevemo-nos pois ao éter, plantemos música na paisagem 

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