Natureza

Noite de luar

Noite de luar

 

Noite de luz prateada

Noite bonita romântica

Noite encantada

Trocam-se beijos

Às escondidas

Há ausência de vento

Ao anoitecer

Estrelas brilham

No firmamento

Testemunhas e confidentes

Abraçam a noite

Vestida de prata

Cintilantes e atraentes

Noite de luar

Noite de lua tão bela

Que convida a namorar

Há sonhos no nosso olhar

E a noite não morre

E tão pouco a sede de amar

Nesta noite de luar!

Mar revolto

Mar revolto

 

O mar está revolto

O vento levou-me para longe do cais

Rasgou as velas do meu barco

O “mar”, que veio dos teus versos

Hoje está revolto

Suas ondas precisam recuar

Meu coração perdeu-se no vendaval

Absorveu-se nos mistérios desse mar

Numa melodia saudosa e medieval

Todo o seu cheiro é peculiar

As gaivotas voam em bando

Conjugando o verbo amar

E o clamor da onda que desmaia

Bate e rebola pela praia

Bate na falésia e silencia

Montanha esquecida

Montanha esquecida

 

Rasgo folhas de papel

Desfolho rosas brancas

Em pedaços de vida

Aceno à vida de mim esquecida

Escalo a montanha

Vejo a meninice enternecida

Procuro alívio para o desencanto

Sinto ecos dentro de mim

Evaporei no tempo para meu espanto

O vento sopra-me os cabelos

A chuva, chora no meu regaço

Vagueio sobre estes aguaceiros

Perdida em versos

Outrora fui poema

Embrulhado em sorrisos

Fui água cristalina

Com brilho de diamante

O rio a chuva e eu

O rio, a chuva e eu

 

Chove intensamente

Apetece-me dormir

Mas nem durmo eu

Nem dorme o rio

Que beija as poldras

Entre mim e ele

Há um verso que nos une

Uma corrente que nos separa

Sinto cansaços, não sei porquê

Minha alma inquieta

Encosta-se ao leite do rio

A chuva beija-me a face

Molha meus cabelos sedentos

De carinhos teus

Meu coração inerte e fecundo

Faz-se poeta neste rio

De águas tranquilas

E neste leito abençoado

O eu rio

O meu rio

 

Estão claras as águas do rio

Nelas me aconchego

Quando a memória de ti me alcança

Escondo-me debaixo de tamanha beleza

Num dócil e idóneo abrigo

Que é a esperança

As poldras repousam em águas cristalinas

Vislumbro o verde do campo

E o contraste das cores nesta primavera

Envergonhada entre a chuva e o sol

Estão claras as águas deste rio brando

As finas e formosas flores

São povoadas por borboletas de todas as cores

Os pássaros voam em bando

A rã, o galeirão e o pescador

Estava sentado numa bateira no meio da lagoa do Poço da Cal. Pescava ao fundo e tinha duas canas armadas por baixo das tábuas do banco da bateira, estava ali desde as seis horas da manhã. Os peixes alimentam-se ao nascer do dia… Estava só, nunca levo rádio, nem faço barulho enquanto pesco, gosto de pescar sozinho.

A aurora

A aurora

 

Ergue-se lentamente

A tela no horizonte

Uma cascata de luz

É derramado do céu

Cobre a fonte, cobre o mar

Cobre o verde do campo

E a terra vem abençoar

Num momento divino

A aurora transforma-se em dia

E neste manto de cores

Eu me visto de alegria

Desce do céu até ao mar

Uma suave neblina

Cai no horizonte

E prende o meu olhar

Paisagem pura, genuína…

Que deixa na natureza

Versos de adrenalina

Entre as brumas se reflecte

Questionável Relevância

Atração pelo abismo, 

Seria esse o título da minha obra.

Obra que é a minha vida, cantada em rima.

Chorada também, lágrimas pelo meu pai, 

Lágrimas da minha mãe.

 

Lágrimas quem as tem?

Eu não consigo mais chorar.

Raiva por quem?

Eu quero é amar.

Amar ninguém, ou alguém a passar.

 

Como estou eu,

De passagem.

Qualquer lugar é uma miragem.

Ver, cheirar e partir.

Para outro jardim.

 

Como uma criatura insignificante,

Carrego a minha significancia

Só Rosas

Só rosas, não é um mar de rosas.

É simplesmente rosas.

Aquelas que colore a vida, o jardim.

O perfume dela fica em mim.

Que posso fazer se o meu amor,

Tem cheiro de flor?

Amo o que tenho!

E busco o que não tenho.

Uma rosa, uma simplicidade.

Mas, ela enfeita alguém,

Até para a eternidade.

Madalena Cordeiro

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