Prosa Poética

LABUTA

 

 

 

semeio os cereais:

milho trigo e arroz

e faço eu mesmo a colheita

 

guardo tudo nos silos

depois enrolo os fardos

para vender

 

então descanso

-a terra precisa descansar

e eu também

 

por isso

espero a época certa

para recomeçar a labuta

 

semeio os cereais:

milho trigo e arroz

e não tenho tempo para amar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os itens do silêncio

Cada item do silêncio é peculiarmente extravagante
Empola todos os desvairados lamentos quase delirantes
Agrega em si os mais absurdos e estapafúrdios ecos insinuantes
 
Num ínclito sussurro a manhã desvela-se tão abrasante
Rega todos os desejos estrondosos, mirabolantes…tão divagantes

Passadiço do tempo

Caminho pelo passadiço do tempo deixando no pavimento da vida
Sílabas que se entreabrem num felino croché de palavras deslumbradas
Provocam no silêncio o breve balbucio de uma carícia quase, quase asfixiada
 
No passadiço do tempo os dias escorrem finitos, voláteis…tão conformados

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