As Araucárias de meu avô
Autor: Arlete Klens on Thursday, 3 April 2014Meu avô
Meu avô

Ouve-se a harpa intocável da poesia Outonal
inclinada para o nada,
tenho saudades de nós,
da nossa primavera naquele banco distante.
Meus pássaros batem as asas
contra O milagre que tarda,
precisam dos teus ombros para repousar,
há tanto dentro para viver
e os meus pássaros teimam morder as cordas,
as fibras e os nervos toda a hora.
Dois corações famintos morrem
No ar que inspiro,
quero a tua boca em fogo que amanha o grito,
minha boca na tua boca sorva as sílabas
até ao silêncio da sombra desta escrita.
Sacia a fome e a sede neste livro
de alma inquieta,
percorre o próximo instante
por entre as flores do olhar roubado
que leva o silêncio à boca.
Nesta ondulação vaga de olhares,
a ante-manhã transparente,
A mulher errante não quer mais casa,
nem cama,
nem mesa,
coloca toda a vida nos vendavais.
Nasço só para ser a tua boca,
a mais próxima da minha.
Beijos de fogo
com seus sismos de silêncio
que ensinam a florir.
Respira apenas o fogo indefinido e
guarda muitos nós antigos na
funda da derme para explicar quem é,
é terra de água.
afogada aqui no meio do texto
e a minha vida é uma respiração de boca-a-boca
com o silêncio divino
ladeando o abismo da sede em outras águas.
Gila Moreira
Chegarás de mansinho,
perfumando as sombras do Jardim,
encarnada na mais bela flor
que o campo do meu coração acolhe,
e não deixarás nunca a minha Alma sangrar.
Chorarei de alegria,
para que dela faça uso.
Gila Moreira 21/03/2014
Vagões de alegria contemplam
o regresso á página da primavera.
O som do rasgo labial do comboio,
seca o pranto das flores de cor azul,
que embelezam o caminho
que rompe o vazio da terra.
Gila Moreira 24/03/2014
Falo de ti ás pedras da minha rua,
se vens e pisas o caminhar,
sempre que de mim se desnuda,
está sempre presente o teu olhar.
Esse que eu imagino e não vejo,
em busca do vazio do céu,
onde o sol ilumina é desejo,
as estrelas na noite o seu véu.
Gila Moreira