Prosa Poética

Tudo passa...até o tempo!

Tudo passa…até o tempo por uma fresta de solidões inesgotáveis
Quando entardece dentro da alma o silêncio fenece absurdamente degradável
Assim se dessdenta a alma ao lavar-se no odre de cada prece lastimável
 
Tudo passa…até o tempo esquartejado por trilhões de segundos deploráveis
Palavras ardentes são a sequela das desilusões amarguradas e recicláveis
Desagua dos céus um aguaceiro de ecos atónitos e inconsoláveis
 

Clima frio

O clima de chuva apazígua a tristeza. Ironicamente, já que o céu cinzento transborda melancolia. A frieza da tarde apetece-me a poesia. Sinto as várzeas da rotina exaurindo nos galhos molhados e nas folhagens quebradas. Rasgo um verso e outro, reciclo no coração a sensação mais afável. Todo o lixo vai a um lugar; chamo-o de poema.

Busto da solidão

À esquadria de qualquer lamento grita cada hora
Mais prenhe mais vegetativa, inquietante e tão apelativa
Um segundo reptiliano ziguezagueia entre palavras adversativas
 
No busto da solidão está solidificado um eco quase pejorativo
Penosa a luz sucumbe entre tantos breus carentes e esquivos

Toquei na alma

Toquei na alma e pressenti na derme dos silêncios
O tinir e vibrar de uma fluorescência tão desodorizante
Ali um eco periódico esboroa-se felino, volátil e sussurrante
 
Toquei na alma e reconheci nas palavras a doce licorosidade
Que apascenta o pleno esvoaçar do tempo alucinante, tão sibilante

EQUILÍBRIO

Equilíbrio

 

Cobramo-nos tão rigorosamente quanto ao entregar-se aos erros

Como se o passado fosse uma lição de fácil percepção

Páginas vividas a serem esquecidas como filme velho branco e preto

Ausente de cores comoventes do provocar da sincera emoção

 

Exerça a humildade em assumir seu lado fraco humano

Não deixando passar inotório o temor de novamente erros cometer.

Errar é o ato verdadeiro do tentar acertar com enganos

Mas não se deve estender isso na vida como razão de sofrer

 

Ventania das sombras

Sendo o vento em desvairo, eu caminho em todos os lugares, locais principalmente ocultos. Vejo a sombra dos humanos os perseguindo. Todos têm algo a esconder, todavia, do meu sopro, tudo se esvai. Caminho entre os caminhões armazenando concreto. Quem dera se eles se chocassem; não literalmente, mas entre segredos. Imagine só o quanto os blocos excruciariam na cara. Quanto sangue seria derramado; seria como um mar onde apenas o horizonte é livre, ao toque da vermelha verdade.

Nos prados celestiais

Nos prados celestiais vadiam azuis infinitos e quase sufocados
Na mezzanine do tempo empoleiram-se sonhos tão extasiados
Consubstanciam o tempo dissertando em tantos segundos camuflados
 
Nos prados celestiais os poentes rugem na calada de um eco deslumbrado
São o mais breve e felino atalho onde se escoram os desejos tão empolgados

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