Prosa Poética

Amor

Amor…

duas sílabas que mobilizam o dicionário das palavras,

estás lá, no meu livro,

 silente,

desmaiada,

entre linhas do saber

com a máscara mais verdadeira que o sentir.

 

Gila Moreira 28/01/2014

Livro fechado

Redijo textos em livro fechado,

páginas rasgadas da memória,

com palavras que trespassam o espírito e

preenchem o título do livro “Vida, desejo e Amor”.

 

Dedos cansados,

quentes,

derretem as sílabas que queimam o papel,

poder do verbo em livro fechado.

 

Esquecida e ao teu lado,

sou o livro fechado.

 

Gila Moreira 22/01/2014

Guerreira do Amor

Meus lábios estremecem… quando

a minha boca chama-te,

meu rosto brilha… quando

os meus olhos procuram-te,

teu perfume marca o caminho… onde

o meu silêncio  cheira-te,

meu corpo arrepia… quando

as minhas mãos acariciam-te,

meu peito  desmaia… quando

o meu coração aconchega-te

nesta guerra de Amor.

 

Não sei onde vais respirar,

sempre que esta força repousante do coração aparece,

Dormir

Quero dormir de mim,

ausentar-me,

dormir para não existir.

 

Não procuro descansar,

só quem sabe morrer

termina de ser.

 

Preciso tanto de dormir,

esquecer-me do tempo,

do nada,

do tudo,

nunca pensei que esta escolha me agitasse tanto.

 

O meu corpo não dorme,

reboliço de lençóis se misturam,

durmo como os bichos,

poema

"Num lancinante fundo onde o caos escriba o sexo em prosas que despes ao longo de um precipício, a minha abertura interior, trémulo, concentras-te nas labaredas que ardem e nos afundam num tempo que não é de ninguém, porque a poesia é um nome largo, o grande pulso que reflecte as folhagens em brasa que gemem expelindo impulsos longos, seivas compactas, odores entre as humidades em áreas delirantes, as figuras de estilo nos baixos ventres, a vulva onde o assombro é uma única poça de água, o êxtase onde são visíveis os lábios secretos de um poema"

Luisa Demétrio Raposo

Choro

Porque  choro-te?

Mutação de Amor  que me consome desde do vazio ao espaço,

até a loucura do último momento me consome,

deixa-me sofrer-te,

chorar-te,

só assim posso vestir-te em mim,

sou eu que germino o verbo Amar no meu ventre.

 

Todos os  desejos ecoam no meu  corpo,

 onde e Quando o teu espírito amassa a fome

da minha ânsia.

Nossos caminhos conhecem a luz que nos alimenta.

 

Amas-me?

Eu amo-te.

Responde-me mais dentro do que o sangue,

não sofras só,

Hora da Saudade

Esta é a hora mais longa que em mim adentra,

a Hora da saudade.

Dói-me o pensar de sentir-te em presente ausência.

 

Hoje, jamais se apagará o nome desta hora,

amanheci na página mais amante do meu livro,

a primeira hora da Saudade.

 

Papel vazio que enche a silente hora da Saudade,

demanda perfumada em desejo de viver sem

tempos extintos,

sequestrada tinta que contraria a presença do tacto,

Deixei De Ser O Que Nunca Fui

Devo ter começado a morrer numa qualquer tarde de melancolia estival,
Da qual me lembro agora por já a haver esquecido nos meandros da memória...
Quando foi que deixei de ser Eu para me tornar nisto que sou?
Nesta coisa amorfa e sem ânimo, nesta viscosidade apática?
Não me consigo lembrar de quando tudo começou a acabar...
Sei que agora vai acabando, lentamente, sumindo-se como areia por entre os dedos!
É tão estranha esta sensação de me olhar ao espelho e não mais me reconhecer,

Sismo do Amor

Venho aqui despir-me e banhar-me em ti,

entre o Sol da noite e a luz do amanhecer.

Devora-me se puderes,

devora a minha urgência de transformante de tudo em nada,

ser o não ser do ser desejo em atmosfera inflamável.

 

Respira-me o ar inteiro da paixão até nada,

apenas vapor da pele,

rasga-me o recatado beijo de lábios,

em quatro lábios na partitura da ânsia,

verte-me em pedra húmida até á margem

do remanso afecto.

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