Prosa Poética

Já é hora michê

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Quando abriu os olhos estranhou o branco da parede em frente. Tentou coçar a vista com a mão esquerda, mas viu que estava preso à lateral da cama. Tentou com a direita e o resultado foi idêntico. A ideia de que a mosca que zumbia no ambiente viesse assentar em seu nariz o apavorou, pois sabia que estava indefeso ante a ameaça varejeira e a dor aguda que sentiu no lado esquerdo da nuca só agravou o mal estar e o terror que dele se apossava. 

 

BEIJA - FLOR

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Uma flor nasceu e foi regada com muito amor.

- Teve carinho e assim desabrochou.

- E eu passarinho, não voava muito bem, não tinha noção entre o mal e o bem!

- Eu queria cantar mas não tinha inspiração, pra mim!

Foi  quando eu avistei lá de longe um belo jardim!

E um casal de adolecente, era o primeiro namoro, era só alegria...Não existia choro!

Abraços apertados e no beijo refletia o amor e quando me nomearam disseram: O nome dele é,  Beija - Flor.

NINGUÉM LIGA PELO QUE SINTO

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Ninguém liga pelo que sinto, eu penso que sinto. Eu uso cinto é isso que sinto.

-  Eu conheço o Jacinto! ele sente em mim o que eu sinto, mas eu não sinto nele o que eu sinto em mim.

-  Se você sente comente, me deixa contente quando você sente.

- Então senta na cadeira, ou aceita a brincadeira, de ler tanta besteira.

- Senta, sente, sinta! já sentou? já sentiu?

Então fica com Deus! VIU?

 

Madalena Cordeiro

 

Sarar

A João Bosco da Silva

Há quem escreva para abrir feridas

as feridas que todos temos, que fazemos muitas vezes sem notar

Como se se olhassem ao espelho e contassem as nódoas negras e os arranhões ao fim de um dia de trabalho

Da nódoa negra e das feridas fazem poesia

que é sempre sentida mais bela quando dramática e pesada  de dor

Sangram para a fazer nascer

 

Eu escrevo para me sarar

Para limpar as feridas

Sépia

Meus pés caminham por ruas de Lisboa

onde meus olhos se perdem a olhar

outros momentos vividos neste lugar

Virados para o interior da minha memória

observam imagens que o hálito do meu coração 

quente e húmido embaciou beijando-as vezes sem conta

tornando-as cor de sépia

 

Não foi aqui que te conheci

Mas foi aqui que aprendi a amar-te

De mãos enlaçadas percorremos ruas e ruas deixando um rasto de carinho no ar

O nosso primeiro beijo foi selado aqui

num jardim que o meu espirito deseja visitar

AS MÃOS DE MINHA MÃE

AS MÃOS DE MINHA MÃE

Para que medir o tempo nas pessoas?

tu tens oitenta anos e por teu olhar e teu sorriso

eu sinto que tens dezesseis.

Dizem que eu herdei teus olhos, tão cheios de luz,

mas eu queria ter teu sorriso

porque é jovial, gosta e conquista.

 

Recordo que quando era jovem te via caminhar.

E que bonita és, mãe! Os homens seguiam teus olhos e buscavam teu sorriso.

Quando vejo tuas mãos, já com as marcas do tempo, quero adorá-las

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