Prosa Poética

OPERÁRIOS

Autor: Rimbaud on Thursday, 10 January 2013

Ó a morna manhã de fevereiro. O vento sul importuno veio reavivar nossas lembranças de indigentes absurdos, nossa jovem miséria.
Henrika vestia uma saia xadrez branca e marrom, em moda no século passado,
uma boina com fitas e um lenço de seda. Era bem mais triste do que um luto.
Dávamos um giro nos subúrbios. tempo nublado, e esse vento do Sul excitava
todos os odores ruins de jardins arrasados e campos secos.
E isso parecia cansar mais a mim que à minha mulher. Numa poça deixada

FRASES

Autor: Rimbaud on Wednesday, 9 January 2013

 

Quando se reduzir a um só bosque negro para nossos quatro olhos atônitos, —

a uma praia para duas crianças fiéis, — a uma mansão musical para nossa

clara simpatia, — vou te encontrar.

Haja aqui embaixo só um velho solitário, calmo e bonito, em meio a um “luxo

REALEZA

Autor: Rimbaud on Monday, 7 January 2013

Numa bela manhã, em meio à gente doce, um homem e uma mulher soberbos
gritavam pela praça pública: “Amigos, quero que ela seja rainha!” Ela ria e
tremia. Ele falava aos amigos de revelação, de uma provação terminada. Eles
desmaiavam um no outro.
De fato, eles foram reis por uma manhã inteira, em que tapeçarias carminadas
se estenderam sobre as casas, e a tarde inteira, em que eles avançaram do lado
do jardim das palmeiras.

PARTIDA

Autor: Rimbaud on Monday, 7 January 2013

Vi demais. A visão se revia pelos ares.
Tive demais. Sons de cidade, à tarde, e ao sol, e sempre.
Soube demais. As paradas da vida. — Ó Sons e Visões!
Partida entre afetos e ruídos novos!

BEING BEAUTEOUS

Autor: Rimbaud on Saturday, 5 January 2013

 

Diante de uma neve, um Ser de Beleza de alto talhe. Sibilações de morte e os

círculos de música surda levitam seu corpo adorado, e ele se expande e treme

como um espectro; feridas escarlates e negras rebentam nas carnes soberbas.

As cores próprias da vida ficam foscas, dançam e se desatam ao redor da

ANTIQUE

Autor: Rimbaud on Friday, 4 January 2013

 

Gracioso filho de Pan! Em volta de tua fronte coroada de florzinhas e bagas

teus olhos, gemas preciosas, se movem. Manchada de fezes cinzas, a cova das

faces. Tuas presas reluzem. Teu peitinho parece uma cítara, sininhos circulam

no bronze dos teus braços. Teu coração bate nesse ventre onde dorme o duplo

DESFILE

Autor: Rimbaud on Thursday, 3 January 2013

 

Patifes sólidos. Muitos já exploram vossos mundos. Sem carências, e pouca

pressa em aplicar suas brilhantes faculdades e sua experiência de vossas

consciências. Que homens maduros! Olhos vidrados como noite de verão,

vermelhos e negros, tricolores, aço salpicado de estrelas douradas; faces

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